São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996 |
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Suposto Unabomber é indiciado Suspeito tinha explosivos CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
A acusação vai mantê-lo preso enquanto a polícia federal dos EUA (FBI) procura provar que ele é a pessoa responsável pelas 16 cartas-bombas que mataram 3 pessoas e feriram 23 entre maio de 1978 e abril de 1995. Theodore Kaczynski, o suspeito, barbado e magro, parecia calmo, segundo jornalistas presentes à audiência, diante do juiz federal Charles Lovell, que ouviu seu caso em Helena, Estado de Montana, região oeste dos EUA. Ele respondeu à maioria das perguntas do juiz com "sim" ou "não" e afirmou não ter recursos para contratar um advogado. Ele será representado pelo advogado público Michael Donohoe. O FBI afirma ter encontrado em sua casa em Lincoln, Montana, uma bomba "parcialmente completa", três fichários com "diagramas e descrições detalhadas" sobre como construir explosivos e metais e produtos químicos que podem ser usados na construção de bombas. A busca na casa de Kaczynski tem sido lenta porque o FBI teme alguma armadilha. Nenhum objeto é tocado antes de ser passado por raios x. Kaczynski foi denunciado ao FBI por familiares que disseram ter achado manuscritos seus com estilo e idéias semelhantes às expressas pelo Unabomer no manifesto publicado em setembro por dois dos maiores jornais dos EUA. O Unabomber havia exigido que "The New York Times" e "The Washington Post" publicassem seu documento de 35 mil palavras como condição para que interrompesse sua série de atentados terroristas. O manifesto é um libelo contra os efeitos desumanizadores da tecnologia moderna e mistura conceitos políticos do anarquismo e do movimento ambientalista. Quase todas as vítimas das cartas-bombas do Unabomber eram ligadas de alguma forma ao desenvolvimento de tecnologia. Muitos eram professores universitários. Desde a publicação do manifesto, o Unabomber não voltou a atacar. Ele é o criminoso mais procurado pela polícia federal norte-americana nos últimos 18 anos. Em mensagens que enviava a jornais após seus atentados, ele costumava ridicularizar os agentes do FBI. A identificação de Kaczynski como o Unabomber pode apresentar algumas dificuldades. Por exemplo: como ele pôde ter construído suas sofisticadas cartas-bombas sem energia e água corrente? Outra dúvida: como viajou para os locais onde elas foram postadas (quase sempre cidades do norte da Califórnia) se não tinha automóvel nem, acredita-se, dinheiro para viajar de avião? Apesar desses e outros problemas, o FBI espera fechar o caso contra Kaczynski em poucos dias e indiciá-lo como o autor dos atentados atribuídos ao Unabomber. Texto Anterior: Argentina fecha o cerco a detentos amotinados Próximo Texto: Biografia coincide com a traçada pelo FBI Índice |
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