São Paulo, sexta-feira, 5 de abril de 1996
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Insulto à inteligência; Reajuste para a cana; Greve de fome; Alento; Cena macabra; Comportamento digno; Material histórico; Projeto gráfico; Armas do jogo;

Insulto à inteligência
"É um insulto à nossa inteligência os 'técnicos' dos ministérios alegarem que não esperavam aumentos tão extorsivos nos preços dos combustíveis!
Em que país eles vivem? Nem sequer exigiram que os postos afixassem os preços, para os consumidores compararem... Toleraram que os postos de uma mesma avenida ou bandeira combinassem um mesmo aumento.
'Esqueceram' que em Brasília, onde vivem, 90% dos postos pertencem a dois donos.
Tudo isso é lamentável, mas duvido que indique pouca inteligência por parte dos ministérios envolvidos. Eles sabem o que fazem. Se pouca inteligência há, é a que os ministérios imaginam ser a nossa."
Renato Janine Ribeiro, professor titular de filosofia política da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Reajuste para a cana
"Sintomaticamente, de autoria do mesmo repórter que se 'confundiu' ao ler uma pesquisa da Cetesb sobre a poluição da gasolina. Infelizmente, a Sucursal de Brasília cometeu mais um terrível equívoco na notícia estampada na edição de 27/3.
Ao informar sobre os aumentos que o governo pretende anunciar para o setor canavieiro, ele cometeu um erro que nos coloca -nós plantadores e industriais da cana-de-açúcar- numa situação muito incômoda.
Ele somou os dois índices que o governo pretende anunciar, 11,95% para o álcool e 17,0% para a cana, e concluiu pior ainda: 28,95% para o setor! Não tem que somar nada.
O governo quer dar maior reajuste aos produtores de cana-de-açúcar para que eles não desapareçam do mapa produtivo e deu menor margem de reajuste, que não cobre ainda a defasagem de preços levantada pela FGV, para os industriais do álcool.
Agora, atribuir esse reajuste 'às margens de lucro do álcool', aí já é escárnio, é querer tripudiar sobre os produtores de álcool.
A Folha dá um aumento de 25% para seus repórteres e para os motoristas de seus carros, um aumento de 35%. Ela deu 60% de aumento?"
Menezis Balbo, produtor de cana-de-açúcar, açúcar e álcool (Sertãozinho, SP)

Resposta do jornalista Márcio de Morais - O texto informava, logo no primeiro parágrafo, que o reajuste médio que o governo planejava conceder ao setor sucroalcooleiro era de 14,5%. Percentual que foi alterado posteriormente para 11,3%, visto que os aumentos efetivamente anunciados foram de 9,3% para os usineiros e 13,35% para os plantadores de cana.

Greve de fome
"Sobre a reportagem publicada pela Folha em 4/4, com o título 'Diretor faz greve de fome há três dias', esclareço que declarei o seguinte: a Udemo tem por objetivo a defesa da escola pública e gratuita, além da defesa dos direitos e interesses de seus associados.
Disse ainda que o diretor grevista não é associado da Udemo, mas tendo informações sobre a instauração de uma sindicância pela Secretaria da Educação, afirmei que a entidade acompanhará atentamente o andamento da referida sindicância, zelando para que não seja cometida nenhuma injustiça contra o diretor e que ele tenha garantido amplo direito de defesa.
Perguntado sobre a greve de fome, disse que era contra o ato em si, mas que é uma questão de foro íntimo."
Roberto A. T. Leme, presidente da Udemo -Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Alento
"Muito bom (e muito contido) o artigo de Gustavo Franco sobre os 'frenólogos' que recomendam tanta coisa à economia brasileira.
Na loucura em que estamos metidos, é um alento saber que há gente como Franco no governo."
Ricardo Arnt (São Paulo, SP)

Cena macabra
"Lastimável e deprimente a omissão da Folha, bem como da imprensa em geral, no episódio da apreensão e morte de um traficante africano em plena via Dutra.
Evidenciou-se o despreparo dos patrulheiros rodoviários federais, pois além de não prestar rápido socorro ao desastrado infrator, levando-o imediatamente a um hospital, ainda o algemaram enquanto agonizava, tornando a cena ainda mais macabra."
Ricardo Passoli (São Paulo, SP)

Comportamento digno
"Senhores deputados, imprensa não se cala com leis, cala-se com comportamento digno."
Renato Pinheiro (Belo Horizonte, MG)

Material histórico
"O artigo com título 'Fausto à brasileira' apresenta precocemente material indispensável aos historiadores que se dedicarem ao período FHC.
Parabéns, Otavio Frias Filho, pelo belíssimo enfoque antropológico."
Claudio M. Leal Passos (São Paulo, SP)

Projeto gráfico
"A Folha resolveu usar o termo 'cor total' para o que seria, na verdade, 75% de cores para São Paulo e nada para o resto do país. Como se não bastasse, o projeto fracassou e o que se vê nas páginas do jornal é um lixo em terceira dimensão.
As fotos, na maioria, deixam o leitor com tontura, tamanho o desfoque; os textos, ah!, agora não dá para ler nem mesmo os textos."
Marcos Roberto Souza Brogna, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)
*
"Tenho tolerado as inúmeras falhas, pois é natural que um projeto audacioso como o da cor total pague o preço do pioneirismo. Mas para tudo há limite. O exemplar de 31/3 está péssimo.
Sugiro que recuem em seu projeto gráfico, deixando de publicar páginas coloridas. Não ponham em risco a credibilidade que conquistaram."
Dora Bessa da Cunha do Prado (São Paulo, SP)

Armas do jogo
"Sábado, 23/3, Clóvis Rossi, Fernando Rodrigues e Carlos Heitor Cony, em uma só nota musical, malham FHC com o chicote do fisiologismo. Não entendo como três grandes jornalistas idôneos, sérios, cultos agem assim.
O que fariam com um Congresso de 90% de pulhas? Os 10% restantes são patriotas abnegados que só se unem em batizados. Tem-se, portanto, que jogar o jogo com as mesmas armas que o inimigo e tirar o possível -abrindo brechas nas muralhas até escancarar os portões.
Estamos falando de conquistas sociais, ou seja, do ar dos pulmões; quem tem estoques não dá e precisa ser apertado e a contragosto, a conta-gotas, vai soltando um pouco de ar para a população de olhos esbugalhados."
Diagoras Alves de Albuquerque (Ribeirão Preto, SP)

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