São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Psicólogos ajudam pacientes de hemodiálise a encarar a morte

Sequência de mortos em Pernambuco deixa doentes em pânico

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os doentes renais que ocupam o 6º andar do hospital Barão de Lucena, em Recife (PE), estão sendo atendidos diariamente por um grupo de psicólogos.
Em sessões conjuntas e individuais, os psicólogos tentam reduzir o pânico e a apreensão gerados pela sequência de mortes dos pacientes do IDR (Instituto de Doenças Renais), de Caruaru (PE).
"Eles ficam sabendo dos mortos e se perguntam quem será o próximo", disse a advogada Lucimere Elizabete dos Passos, filha de José Francelino dos Passos, 63, um dos 63 pacientes internados em Recife.
Segundo a advogada, os doentes estão "abatidos e estressados". As visitas são controladas e a imprensa não tem acesso ao andar.
Mesmo as 16 pessoas com possibilidade de receber alta médica permanecem no local "por não terem condições de retornar, do ponto de vista emocional", segundo o diretor-geral do hospital, Jairo Barbosa.
"Eles (os psicólogos) ouvem e depois ficam falando coisas tranquilas para a gente", afirmou a estudante Luciene Leite Bezerra, 23, uma das que pode receber alta.
Chorando, disse que fez hemodiálise durante quatro anos no IDR e que, depois do Carnaval, passou mal e "achava que não ia escapar".
"O pior de tudo era escutar lá em cima (no 6º andar) as pessoas dizendo: 'morreu fulano, morreu sicrano', e a gente sem saber se ia morrer", disse. "Sentia uma revolta e me perguntava: será que vou amanhecer viva?"

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