São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Pesquisadora culpa a falta de punição

Março teve recorde de homicídios

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisadora Nancy Cardia, do Núcleo de Estudos da Violência, disse ontem que a falta de aparelhamento da polícia e a impunidade são as principais responsáveis pelo crescimento dos assassinatos na Grande São Paulo.
Em março, houve 719 homicídios, recorde histórico na região. O recorde anterior tinha sido registrado em abril do ano passado, quando 705 pessoas morreram assassinadas.
Em relação ao mês de fevereiro deste ano, o aumento foi de 2,7%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o acréscimo de março representa 9,6%.
"As dificuldades econômicas não geram assassinatos necessariamente. Isso ocorre porque a polícia não consegue apontar culpados", disse.
Drogas
Em sua opinião, a ligação das vítimas com drogas, feita pela polícia, "anestesia a população" e frequentemente não procede.
Para ela, os distritos estão despreparados para esclarecer os crimes. Eles dependeriam exclusivamente de testemunhas, que não falam por medo de represálias.
"O governo não tem conseguido responder ao problema", afirmou.
Luiz Flávio D'Urso, do Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária, disse que falta política para a segurança pública em todo o Brasil, mas atribui o aumento dos homicídios em São Paulo à "recessão que o país vive".
Para ele, a carência da população, ao lado da banalização da violência na mídia, estimulam a prática de assassinatos. "As pessoas passam a ver o homicídio como uma forma de resolver conflitos."
Outro lado
Os assessores do governador Mário Covas, que está viajando a local não-revelado, não foram encontrados ontem.
Os secretários da Segurança e da Justiça, o comandante do Policiamento Metropolitano e o delegado-geral da Polícia Civil, foram procurados, mas não localizados.

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