São Paulo, sábado, 6 de abril de 1996
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Bernette lança CD gravado no Brasil

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Yara Bernette-Epstein, 76, subiu pela primeira vez ao palco do Teatro Municipal para tocar piano há 65 anos. Subiria muitas outras, em Paris, Nova York ou Berlim.
Ela permanece, em sua geração, como uma das unanimidades do pianismo brasileiro. Ex-contratada da Deutsche Grammophon, professora aposentada em Hamburgo, na Alemanha, lança agora seu primeiro CD gravado no Brasil.
Reuniu 15 peças, do barroco Scarlatti a Rachmaninoff e Villa-Lobos. Eis os principais trechos de sua entrevista à Folha:
*
Folha - O fato de pianistas como Guiomar Novaes e Magda Tagliaferro serem conhecidas no exterior facilitou sua carreira?
Yara Bernette - Guiomar era conhecida nos Estados Unidos e Magda, na França. É pouco. Havia espaço para alguém mais jovem. As dificuldades eram outras.
Folha - Quais?
Bernette - Não tínhamos concursos que nos credenciassem. Era preciso abrir caminho sozinha.
Folha - A sra. foi solista com a Filarmônica de Berlim sob direção de Bohem e de Jochum. Eles mudaram sua visão do instrumento?
Bernette - Não foi necessário. Tive a felicidade de ter uma escola musical alemã e uma escola pianística russa. Estava bem preparada.
Folha - Dos pianistas brasileiros de gerações que se seguiram à sua, quem a senhora gosta de ouvir?
Bernette - Gosto de Nelson Freire, de Arnaldo Cohen.
Folha - Ser pianista é profissão?
Bernette - Não. É uma missão. Lembro-me que estive num recital do Rubinstein, já com 90 anos. Fui cumprimentá-lo e ele disse: "É dura nossa profissão. Mas, se não me pagassem para tocar, eu faria qualquer serviço e pagaria para tocar."
(JBN)

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