São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Droga reduz chances de novo infarto

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE ORLANDO

Um estudo inédito divulgado na última semana mostrou que pessoas que já tiveram um infarto e que têm nível de colesterol normal podem reduzir até 24% a chance de morrer de doenças cardíacas ou de ter um novo infarto se tomarem uma medicação que reduz os níveis de colesterol no sangue.
O resultado preliminar da pesquisa conhecida como Care (Colesterol e Eventos Recorrentes) foi apresentado durante a edição anual do American College of Cardiology, um dos congressos mais importantes da área de cardiologia do mundo, que reuniu cerca de 25 mil especialistas em Orlando.
O estudo acompanhou, por cinco anos, 4.159 pacientes em 80 centros dos EUA e Canadá. Metade dos pacientes recebeu placebo (medicação que não tem efeito) e metade recebeu pravastatina, um remédio da classe das estatinas.
As estatinas são drogas que bloqueiam a produção do colesterol no fígado e reduzem os níveis dessa substância no sangue.
Todos os pacientes do Care haviam enfrentado um infarto de 3 a 20 meses antes da pesquisa, tinham idade média de 59 anos, níveis de colesterol abaixo de 240 mg/dl e taxas médias de LDL-colesterol (colesterol "ruim") de 139 mg/dl (veja quadro ao lado).
Benefícios
Segundo Eugene Braunwald, um dos papas da cardiologia no mundo, professor da Harvard Medical School e coordenador do estudo, o grande mérito do Care foi demonstrar que pacientes já infartados com colesterol normal (que representam cerca de 70% do contingente que sobreviveu a um infarto) também se beneficiam da redução dos níveis de colesterol.
Estudos já haviam provado que a redução do nível de colesterol em pessoas com colesterol elevado (com ou sem infarto anterior) diminuía a ocorrência de anginas, infartos, derrames e mortes por doenças cardíacas.
Frank Sacks, cardiologista da Harvard Medical School e principal investigador do Care, explica que os resultados foram ainda mais significativos nos grupo das mulheres infartadas.
Aquelas que receberam medicamento tiveram 45% menos eventos cardíacos (angina, novo infarto, necessidade de cateterismo ou cirurgia) do que as que tomaram placebo.
José Ernesto dos Santos, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, acredita que os memsos efeitos observados nos pacientes infartados também poderão beneficiar as pessoas com outros tipos de manifestação de doença coronária (como as anginas) e que tenham colesterol em níveis normais.
Frank Sacks diz que é importante lembrar que a redução de eventos cardíacos só foi observada no grupo dos pacientes que tinham o LDL colesterol acima de 125mg/dl.

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