São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Centímetros viram abismo para candidatos a Atlanta

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Márcio Rogério da Cruz vive a 7.500 km e a 8 cm de Atlanta. O paulistano é um dos atletas brasileiros que lutam para superar a pequena distância que os separa do índice para a Olimpíada.
Cruz, 22, é saltador em distância. Compete pela Funilense/Eletropaulo (SP). Sua melhor marca é de 7,92 m. Ele precisa de 8,00 m para garantir um lugar na Olimpíada.
Até a semana passada, 37 atletas já tinham índice para os Jogos no atletismo -embora isso não signifique que todos vão aos Jogos, pois há um limite de três por prova. A data limite para obtenção de marca é 30 de junho.
"É só acertar um dia, na competição", calcula Cruz.
Ele não se importa de saber que, mesmo que consiga o índice, irá a Atlanta sem chance de medalha.
"Mais para a frente, posso pensar em uma final, em medalha", prevê.
O objetivo de Cruz é chegar a 8,40 m ainda este ano, resultado que certamente o poria em uma final olímpica.
Seu técnico, Nélio Moura, acredita que ele estará nos Jogos. "Hoje, seria sem pretensão, para pensar daqui a quatro anos em alguma coisa mais ambiciosa."
Moura também treina Maurren Maggi, 19, também saltadora em distância. Maurren está a 14 cm do índice -fez 6,41 cm e precisa de 6,55 cm.
"É só me concentrar. Tenho problema de falta de concentração", avalia.
Para vencer essa diferença, não existe receita especial, segundo os dois atletas. A falta de competições de alto nível, para melhorar suas marcas, não os incomoda. "O único adversário que tenho sou eu mesmo", diz Márcio.
Esse é o mesmo pensamento de uma atleta que se livrou recentemente dessa angústia, a arremessadora Elizângela Adriano, 23.
"Todos os técnicos me ensinaram que você só compete consigo mesma", afirma. Ela conseguiu no início deste mês o índice no arremesso do peso, após várias tentativas e várias manhãs de treino.
Elizângela acorda às 5h45 para treinar, no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Atletismo, em Manaus (AM), com o técnico cubano Julian Mejía.
Nesse horário, ela evita o calor equatorial e o vaivém de atletas. Elizângela está morando no centro de treinamento desde janeiro.
Mas a atleta do Sesi ainda luta por outro índice, no arremesso do disco, prova em que seu técnico principal, João Paulo Alves da Cunha, 35, a considera mais forte.
No disco, falta-lhe melhorar 36 cm -de 59,64 m a 60 m.
Em 1992, a paulistana não foi à Olimpíada de Barcelona por ter ficado a 4 cm do índice olímpico. "É como pegar um doce, e, na hora de pô-lo na boca, ele cair", lembra.
Situação pior foi vivida por Fernando Scherer naquele ano. Ele ficou a 0,01s do índice nos 50 m, nado livre (fez 23s31).
Hoje, o nadador catarinense é candidato a medalha na mesma prova.
A lembrança não aborrece Scherer. "Acho que fiquei mais perto que qualquer pessoa até hoje. Mas me senti bem, porque não me considerava a nível olímpico. Até me ajudou a dar tranquilidade."
Na natação, há poucos atletas próximos do índice. Só estão garantidos Scherer, Gustavo Borges, Luiz Lima e Gabrielle Rose.

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