São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Inundações levam preço para o brejo

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Há poucas saídas para quem possui imóveis localizados em regiões atingidas por enchentes.
A venda de um imóvel desse tipo significa prejuízo certo. Em regiões em que as inundações são frequentes, pouca gente arrisca investir. E quem quer sair acaba topando qualquer preço oferecido.
"É natural. Ninguém quer morar em uma região que corre risco de inundação", diz o consultor João Freire D'Ávila, da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações.
Para piorar, as companhias seguradoras raramente aceitam segurar residências localizadas em regiões de risco. O máximo que dá para recuperar é o automóvel.
A alternativa que resta aos moradores é esperar que as causas das inundações sejam enfrentadas pelo poder público, o que pode levar muito tempo para ter resultados.
Um exemplo da influência das inundações no mercado imobiliário pode ser observado na Avenida Pacaembu, que fica na Barra Funda (zona oeste de São Paulo).
A região era frequentemente inundada até a inauguração do "piscinão" em frente ao estádio do Pacaembu. Mas algumas partes sofriam mais do que as outras.
Por isso, o índice fiscal, estimado pela prefeitura para cálculo de impostos como o IPTU, varia de R$ 141 a R$ 665 no decorrer da avenida, dependendo do quanto o terreno era afetado pelas inundações.
Se o "piscinão" de fato acabar com as enchentes no Pacaembu, acredita D'Ávila, esses valores devem se tornar mais homogêneos.
A desvalorização também ocorre na City Butantã (zona oeste), loteamento de classe alta que sofre com inundações praticamente em todos os anos. "As enchentes atrapalham bastante os negócios", diz Martins Akio, gerente da imobiliária Gallo, que trabalha na região.
Ele conta que, recentemente, uma casa com quatro suítes foi alugada por sua empresa por R$ 2.500 mensais na City Butantã.
"Se ela estivesse do outro lado do rio Pinheiros, seria alugada por uns R$ 4.000".

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