São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Ecorregiões podem ter graus de ameaça diferentes, diz cientista

DA REPORTAGEM LOCAL

O documento deixou de levar em conta que as áreas das ecorregiões podem variar muito, desde 31 km2, como o páramo costa-riquenho, até cerca de 2 milhões de km2, como o cerrado brasileiro.
E quanto maior a área, maior a diversidade de habitats. Esse é o caso do próprio cerrado, que contém florestas secas, pastos etc. "Como algumas ecorregiões são muito amplas, fica difícil gerar um grau de ameaça único, o que também dificulta uma classificação única para regiões onde o tipo de interferência é heterogêneo", afirma Roberto Cavalcanti, do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB).
Para Carlos Peres, do Departamento de Ecologia da USP, que participou com Cavalcanti do encontro nos EUA que definiu as áreas prioritárias de conservação, é muito importante definir prioridades, mas algumas considerações devem ser feitas. "Uma área considerada relativamente intacta poderá ter a mesma classificação em 20 anos? Talvez o esforço de conservação seja maior nesse tempo.
Para ele, o melhor seria fazer uma espécie de "medicina preventiva" e não "paleativa", como está sendo feito hoje em algumas áreas, como a Mata Atlântica.
Segundo o pesquisador, políticas de conservação só funcionam em um contexto político. "Veja, nenhuma agência de financiamento deixa de considerar qual a capacidade de um país em absorver os recursos para a conservação".
Ele cita o exemplo do Peru. "O Peru, que tem uma das regiões de maior biodiversidade do mundo -Madre de Dios-, deixou de receber financiamento por muito tempo por causa do Sendero Luminoso".
Cavalcanti acredita que a adoção de políticas de conservação devam ser traçadas pelo próprio país, que também deve definir quais as suas áreas prioritárias, embora documentos como esse sejam muito importante.
"O documento está mais voltado à identificação de prioridades pelos órgãos multilaterais. É indispensável que a visão desse documento seja complementada por estratégias nacionais de conservação", conclui.

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