São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996 |
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Ajuda a refugiados de guerra desaparece
JAIME SPITZCOVSKY
Momin, uma das 15 mil pessoas do campo de refugiados de Jalozai, mantém o costume afegão de ter apenas um nome. No Paquistão ele também continuou a tradição familiar de fazer fornos de barro. O Paquistão, em 1990, chegou a abrigar 3,2 milhões de refugiados, um fardo que a ONU ajudava a carregar. Mas nos últimos anos a ajuda internacional começou a desaparecer e a ONU fornece atualmente apenas óleo comestível, afirma Ali Gohar, vice-diretor da Comissão para Refugiados Afegãos do governo paquistanês. A ONU praticamente fechou a torneira de sua ajuda humanitária em setembro de 1995, alegando que os afegãos que não retornaram a sua terra natal já estavam integrados à economia de Peshawar. "Isso não é verdade", rebate Momin. "Veja quantos desempregados há neste campo." O refugiado afegão argumenta que a venda de fornos de barro não proporciona recursos para enviar seus dez filhos à escola. "Eles têm aulas só na mesquita", conta. Além do governo do Paquistão, atualmente 98 organizações não-governamentais paquistanesas e estrangeiras se dedicam a ajudar os refugiados afegãos. A maior parte das ONGs deixou o país com a ofensiva anti-radicais islâmicos do Paquistão. "Nossa prioridade é promover a educação dos refugiados", explica à Folha Rustam Shah Mohmaud, diretor da Comissão para Refugiados Afegãos. "Temos 600 escolas espalhadas por 120 vilarejos." Shah Mohmaud evita comentar o corte da ajuda direta da ONU e dispara: "Os refugiados querem voltar ao Afeganistão, mas aquilo hoje não é um país, por causa da guerra civil não há agricultura, eletricidade ou produção". Momin diz sonhar com a volta a Jalalabad, sua cidade natal. "Deixei lá uma casa quando fugimos da guerra em 1980. Aqui sou um estrangeiro, não é meu país", afirma. "Só que fica difícil prever quando haverá paz." (JS) Texto Anterior: Paquistão fecha "universidade terrorista" Próximo Texto: Saiba o que foi a Guerra do Afeganistão Índice |
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