São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Sujeira; Sinal de alerta; Fundo de pensão; Falta de homens; Jornalismo punitivo; Vergonha; Serviço público; Real; Ouvindo Deus

Sujeira
"Não estou mais aguentando saber de tanta sujeira em nosso país. É raro o dia que não surge um 'caso' novo.
Parece mesmo, como já ouvi falar, uma tática para encobrir ou desviar a atenção para o que aconteceu na véspera. Decepcionante, também, é o comportamento do Congresso. Que exemplos de disciplina e de decência tem nos passado!"
José Lins Rodrigues (São Luís, MA)

Sinal de alerta
"A ocorrência do grande blecaute de 26/3 que acometeu o sistema elétrico da Região Sudeste e Centro-Oeste é apenas uma pequena mostra do que poderá ocorrer caso insistam em menosprezar esse vital setor da economia.
Há tempos, os governos (?) (Collor, Itamar e agora FHC), negaram os investimentos ao setor, com a nítida intenção de retirar-lhe a eficiência, o que certamente levará à sua desmoralização e à desconfiança perante a opinião pública. Aí, ao contrário de estarmos assistindo inertes às privatizações, estaremos aplaudindo nossa própria desgraça, porque a iniciativa privada somente sugará o que restará dessas empresas, atrás de ávidos lucros e financiamentos pelo banco estatal.
Em todos os setores fundamentais da sociedade têm realmente havido falhas humanas, não dos profissionais, mas de toda sociedade e principalmente dos seus representantes, que têm se vendido à: hipocrisia, ganância e traição."
Ataíde Vilela, presidente do Sindefurnas -Sindicato dos Eletricitários de Furnas e DME (Passos, MG)

Fundo de pensão
"A propósito do editorial 'Privilégios' (16/2): o editorial erra quando generaliza -induz o leitor a supor que todos os fundos de pensão de estatais mantêm uma relação promíscua com a diretoria da estatal.
A contribuição do banco à Previ, correspondente a 2/3 dos custos totais do plano de benefícios, é custeada com parte dos resultados da receita.
Não há, pois, diferença entre os recursos alocados pelo banco e os destinados pelas empresas privadas em favor de seus fundos de pensão.
É bom lembrar também que o governo detém apenas 29,2% do capital total do banco. Portanto, a parcela de contribuição do banco à Previ equivale a 29,2% de 2/3.
Quanto à relação do poder público com os fundos de pensão das estatais, cumpre-me esclarecer que, no tocante à Previ, a entidade adota o princípio de gestão compartilhada entre o corpo social e a patrocinadora, com distribuição do poder decisório entre a diretoria executiva e o conselho deliberativo. Processo que elimina a vulnerabilidade dos dirigentes em relação a pressões externas."
José Rubens Azevedo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - As medidas recentes de salvamento do Banco do Brasil recorrendo ao Previ já mostram bem como são imprecisas as fronteiras entre as duas entidades que o leitor prefere considerar como mutuamente invulneráveis assim como a pressões externas. Em se tratando, cada vez mais, de colocar dinheiro público no BB, a revisão das suas relações passadas com a Previ torna-se ainda mais urgente, se se quiser evitar dissabores futuros. Isso para não falar da presidente da Previ, demissível "ad nutum" pelo presidente do BB, por sua vez também demissível pelo presidente da República.

Falta de homens
"Sobre a reportagem '1,8 milhão de mulheres 'sobram' no país" (31/3): não podemos concordar com a explicação para a falta de homens dada por algumas das entrevistadas no sentido de que 'tem mais mulher e os homens estão virando bichas'.
Decerto, ninguém 'vira' homossexual.
Quem é homossexual sempre o foi. Se sua condição ficou evidente para a sociedade, é que ela resolveu se assumir publicamente e não mais permanecer 'enrustida'.
A reportagem mostra que nasce aproximadamente o mesmo número de pessoas de ambos os sexos (50,2% masculino e 49,8% feminino).
O que acontece é que a taxa de mortalidade entre os homens é maior: para cada mulher que morre na faixa etária de 20 a 49 anos, morrem três homens.
Isso sim seria a explicação da 'sobra' de mulheres em relação aos seus pares masculinos."
Toni Reis, coordenador de projetos do Grupo Dignidade -Conscientização e Emancipação Homossexual (Curitiba, PR)

Jornalismo punitivo
"A fúria dos jornalistas-colunistas da Folha nos últimos dias mostra que o tal jornalismo investigativo já era. O moderno agora é o jornalismo punitivo."
Dourivan Lima (Goiânia, GO)

Vergonha
"Quando vimos um senhor idoso desmaiar na rua Domingos de Moraes, em São Paulo, fomos acudi-lo. Era fome!
Oferecemos comida e dinheiro. Ele não quis aceitar, afirmando estar em jejum para vender seu sangue para levar alimento para casa.
Perguntamos: e os políticos que fazem este país? E o governo? Nadam em dinheiro. São demagogos. E todo o Senado troca de carro. É vergonhoso."
Paulo Arnaldo Altmann (São Paulo, SP)

Serviço público
"Graças à Folha, tivemos conhecimento do falecimento de meu irmão, o engenheiro Oscar Naoto Kamakura, tragicamente falecido no engavetamento ocorrido em 22/3, na via Anchieta.
Graças a vocês, pudemos tomar contato com essa trágica notícia, quase 24 horas depois do ocorrido!
Indagamos a Polícia Rodoviária, o PS para onde foi o corpo de meu irmão e tudo o que nos disseram foi: "A assistente social não ligou? Puxa...", isso dito de uma forma anestesiada, como se fosse de quinta importância.
O que impera em nossos serviços públicos é a pior das piores más vontades.
A despeito de todo esse desabafo, quero deixar registrado o meu mais profundo agradecimento pelo profissionalismo da equipe da Folha, pela fidelidade aos fatos que nos permitiu, pelo menos em tempo hábil, providenciar um enterro adequado para nosso querido irmão."
Sergio Kamakura (São Paulo, SP)

Real
"Sou aposentada, recebo um salário mínimo por mês. Sobrevivo com a ajuda de meus filhos.
Quando começou a era do Real, ia ao supermercado com meus R$ 100 fazer a compra do mês; voltava pra casa com mais ou menos R$ 60 de troco.
Hoje, passados todos esses meses 'sem inflação', com os mesmos R$ 100 não compro mais o que comprava antes e ainda tenho que me socorrer com os filhos para completar a compra do mês, no mesmo supermercado.
Não vamos falar de aluguel, remédios, roupas, essas coisas... Será que isso tudo é real?"
Elvia da Silva Melo (Dourados, MS)

Ouvindo Deus
"Li o artigo 'Semana Santa', de Otavio Frias Filho. Gostei muito. Gostei, também, de ficar com a convicção de que ele tem lido a Bíblia. Só quem a lê consegue escrever assim.
O texto mostra que ele está começando a ouvir o Deus vivo.
Em Jeremias, 29:13, lemos e ouvimos: 'Buscar-me-eis, e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração'.
Sinceramente, sem nenhuma outra intenção, espero que continue lendo e, consequentemente, ouvindo Deus falando com ele."
Francisco Rossi, ex-prefeito de Osasco (Osasco, SP)

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