São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996 |
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É dez!
CRISTIANA COUTO
Foi quando recebemos nosso primeiro escritor estrangeiro, Gore Vidal. Deu tudo errado: ele sentou num banco com tinta, fechei a porta do carro na mão dele, problemas com a passagem... enfim, uma série de gafes involuntárias. 2. O que é melhor: uma obra-prima que não vende nada ou um best-seller sem nenhum valor literário? Por quê? A obra-prima que não vende nada. Ela é única e pode mudar a vida de pelo menos uma pessoa. 3. Quantos livros você leu nesses dez anos? Li menos do que eu gostaria de ter lido. 4. Se a Companhia das Letras tivesse outro nome, qual seria? "Dabliú Letras" ou "Literatura Registrada" (referência à W/Brasil e a uma nova agência, a Propaganda Registrada, a ser criada pelos sócios da agência como comemoração aos dez anos). 5. O que você imaginava sucesso e não foi? O livro "Aids e suas Metáforas", de Susan Sontag. 6. Qual foi a maior puxada de saco que você recebeu de um autor? Sou low-profile, não dou chance para ninguém puxar meu saco. 7. Qual é o truque para aguentar os chiliques de certos autores? Saber que o trabalho que eles realizam justifica qualquer chilique. 8. Que livro você queria ter publicado e não publicou? Qualquer livro do Jorge Amado. 9. Afora aquelas roupas sensacionais, qual a utilidade prática da Academia Brasileira de Letras? Nenhuma. São fabricantes de chá e biscoitinhos. 10. Como você explica o incrível sucesso da Companhia das Letras, sendo dirigida por um torcedor do Santos? Não se pode perder em tudo na vida, mas a Companhia das Letras não é melhor do que o Santos. 1. A W/Brasil faz dez anos. Parece que foi ontem? Parece. No dia em que a gente perder essa sensação, não teremos mais nada para fazer. 2. Onde está a arte na publicidade? Publicidade não é arte, é artesanato. Cada caso tem uma solução única, feita à mão. Como a primeira busca da publicidade é o entendimento, ela não pode ser vanguardista. 3. Em algum momento, nesses dez anos, você quis jogar o passado fora e começar tudo de novo? Não. Cada momento da W/Brasil foi melhor que o segundo anterior e pior do que o próximo. 4. Qual é o slogan para um anúncio institucional do "timão", vulgo Sport Club Corinthians Paulista? O Corinthians é maior que qualquer slogan. A força do distintivo, a história e o carisma que o time contém se tornam vazios em qualquer frase. 5. Seu trabalho é reconhecido como um dos melhores do mundo e até influencia manifestações culturais (como na música "Alô, Alô, W/Brasil", de Jorge Ben Jor). Onde você guarda o sucesso? Mesmo com a consciência do sucesso, ele não vale nada se amanhã eu não fizer uma boa campanha. 6. Como será a publicidade na era digital? Quanto mais tecnologia, mais fácil vai ficar para se expressar um conteúdo brilhante de forma real. 7. Quem influencia você? A vida em geral. Particularmente, os componentes atrelados à cultura popular, em especial a MPB. 8. Já esqueceu o "primeiro sutiã"? Tenho boas lembranças de tudo na minha vida, mas não tenho personalidade de passadista: arquivo os momentos bons sob a ótica do carinho, não da nostalgia. 9. Quem compra suas gravatas? Virei colecionador sem querer, quando resolvi usar gravatas divertidas e as pessoas acharam que eu gostava mais de gravatas do que eu realmente gostava. 10. Giovanni ou Marcelinho? Pelé ou Ditão (ex-zagueiro do Corinthians)? Adoro o Giovanni, mas gosto mais do Marcelinho. Pelé, sem dúvida. Texto Anterior: devagarinho é mais gostoso! Próximo Texto: a obra de Caymmi Índice |
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