São Paulo, domingo, 7 de abril de 1996
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Agência ganha dinheiro com solidão

JENNIFER SKIPP
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem disse que felicidade não se compra? A expansão das agências de casamento no Brasil mostra que existem muitos solitários dispostos a investir -literalmente- num relacionamento amoroso.
A empresária austríaca Inge Gruber, 57, é uma das representantes da nova safra de "cupidos". Trabalhou durante três anos numa agência matrimonial na Hungria e concluiu que no Brasil o negócio tinha tudo para dar certo.
"Apesar de o povo brasileiro ser mais aberto para relacionamentos, existe agora um medo maior do assédio sexual e do namoro para brincadeira", explica Inge, que há um ano fundou a Apego, em São Paulo. Inge vendeu um apartamento e investiu R$ 80 mil.
Hoje com cerca de 500 clientes, a Apego tem contato com agências no exterior e está abrindo representações em outras regiões.
"As pessoas não conseguem encontrar um par que esteja à altura e estão dispostas a pagar por isso", diz Inge, que faz contratos de acordo com poder aquisitivo e idade.
Clientes não faltam. Dados recentes do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que o número de pessoas divorciadas aumentou 207% em dez anos, de 1984 a 1994.
Para o psicólogo Ailton Amélio da Silva, 47, o mercado das agências está em franca expansão.
Silva, que há cinco anos dá aulas de relacionamentos na USP (Universidade de São Paulo), explica: "Os divórcios aumentaram porque as mulheres estão mais independentes, mas o interesse pelo compromisso é o mesmo".
A Paimi (Primeira Agência Internacional de Matrimônios e Informações), com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, está há 50 anos no ramo.
Segundo o vice-presidente e filho do fundador da Paimi, Harry Philippe Mihalescu, 40, a agência já realizou cerca de 4.000 uniões, sendo o seu próprio casamento uma delas. "Os três primeiros encontros são na agência."
Luís Carlos Martins, 45, dono da Resolution, inaugurada há um ano em São Paulo, investe na segurança do cliente: "Sempre verificamos se a pessoa tem antecedentes criminais". Além desse procedimento, a Apego pede teste HIV.

Onde encontrar - Happy End: (011) 853-7466; Paimi: (011) 221-9699, Date & Cia: (011) 492-4042; Apego: (011) 543-2659; Resolution (011) 832-9681; Partner (051) 336-8036.

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