São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 1996
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AFINAL, EM SINTONIA

Nada mais eloquente para demonstrar o grau de entendimento que Brasil e Argentina vem construindo do que a frase do presidente Fernando Henrique Cardoso em um dos eventos de que participou com Carlos Menem em Buenos Aires.
"Estamos tão integrados que, se houvesse um erro por parte do protocolo, e nossos discursos fossem trocados, ninguém perceberia", afirmou o presidente brasileiro.
É saudável que seja assim. Brasil e Argentina já perderam tempo demais examinando hipóteses de conflitos, de resto inconsequentes, em vez de aproveitar as possibilidades que a integração oferece aos dois países.
Basta lembrar a triplicação das trocas comerciais entre eles, desde que se iniciou, em 1985, o processo de integração que acabaria desaguando na criação do Mercosul, uma união aduaneira que envolve também o Paraguai e o Uruguai.
A integração avançou de tal forma que Fernando Henrique não se acanha de tratar de assuntos estritamente internos em suas falas em Buenos Aires. É o caso de sua promessa de que "os banqueiros que gerenciaram mal os recursos sob sua guarda arcarão com as consequências de seus erros, nos termos da lei".
FHC, no fundo, está prometendo que até pessoas de sua família pagarão por eventuais erros, numa óbvia alusão ao caso do Banco Nacional. É uma maneira de tentar afastar a difusa suspeita de que poderia ser leniente, justamente por estar um membro da família envolvido. É uma promessa a ser cobrada, como, de resto, pede o próprio presidente.
Mas há também um aspecto a lamentar no fato de o presidente se sentir obrigado a dizer uma frase demasiado óbvia. Em qualquer país em que o Estado de Direito tivesse raízes mais sólidas, seria dispensável dizer que (os banqueiros) "irão para a cadeia, se condenados pela Justiça".

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