São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 1996
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Ofensas; Proposta moralizadora; Debate importante; Retrocesso intelectual; Sindicalismo; Vergonha

Ofensas
"A revista da equipe de Fórmula 1 Benetton traz ofensas e destila preconceitos contra a cidade de São Paulo, de acordo com o trecho transcrito pelo jornalista Fernando Rodrigues, na edição da Folha de domingo passado.
São Paulo é a face mais moderna do Brasil. As condições de estadia para os pilotos e suas equipes estão entre as melhores do mundo.
As condições de segurança da pista de Interlagos são superiores às de qualquer outra pista do circuito, particularmente às de Ímola, na Itália, pátria da Benetton -se é que multinacional tem pátria-, que se transformou em matadouro de pilotos.
A competição de Fórmula 1 é apenas um entre os megaeventos que a cidade recebe todos os anos. Precisamente pela qualidade de sua infra-estrutura e serviços, especialmente na área de hotelaria e gastronomia, aqui se realizam feiras industriais, congressos científicos, torneios internacionais e apresentações dos mais renomados artistas do mundo.
Ninguém, até hoje, se expressou sobre nossa cidade nos termos grosseiros da revista da Benetton, cuja atitude se coaduna com o ressurgimento dos movimentos neonazistas na Europa e as perseguições aos imigrantes.
A nossa cidade sempre recebeu os imigrantes de todo o mundo de braços abertos e não aceita que uma grife de roupas e uma cadeia de lojas aqui se estabeleça apenas para ganhar muito dinheiro, cuspindo depois em nossa cara seu desprezo pela nossa cidade e pela nossa gente.
Pelas páginas da Folha de S. Paulo conclamo todos os paulistanos a boicotarem a grife Benetton, que além de oferecer produtos de péssima qualidade cobra preços absurdos."
Paulo Maluf, prefeito de São Paulo (São Paulo, SP)

Proposta moralizadora
"Ao contrário do que afirma o leitor Mauri Vieira Costa na edição de 9/4, propus o funcionamento normal do Congresso Nacional no segundo semestre deste ano com o objetivo de analisar e votar as reformas constitucionais.
Portanto, minha proposta é moralizadora, até porque, antes dela, havia a tendência de todos receberem sem trabalhar.
A respeito de eventuais convocados, haverá, sim, remuneração, porque não há, do ponto de vista legal, outra forma de fazê-lo.
Indecente, a meu ver, é a má-fé de quem não leu ou não entendeu minha proposta."
Inocêncio Oliveira, líder do PFL (PE) na Câmara (Brasília, DF)

Debate importante
"Uma carta para dar parabéns a Clóvis Rossi sobre os textos relativos a emprego, desemprego e a situação da economia internacional das últimas três décadas.
Traz para o Brasil um debate corrente, importante e que não está sendo discutido em lugar nenhum. Estou gostando muito."
João Sayad, economista e ex-ministro do Planejamento (São Paulo, SP)

Retrocesso intelectual
"Excelente e oportuno o artigo 'A pós-graduação corre perigo', do reitor Flávio Fava de Moraes e do professor Adolpho Melfi (2/4).
A Universidade Federal de Pelotas há cerca de três anos tem exigido, no mínimo, o título de mestre para o ingresso na carreira docente.
Os resultados dessa medida tem 'oxigenado' seu quadro com pessoal mais qualificado para o magistério.
A emenda que propõe a equiparação dos títulos de especialização ao de mestre ou doutor, além de equivocada, significa o retrocesso intelectual e prejuízo à formação científica e tecnológica dos jovens estudantes.
Há necessidade de que o Parlamento exclua da Lei de Diretrizes e Bases essa emenda tão prejudicial ao país."
Antonio Cesar G. Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (Pelotas, RS)

Sindicalismo
"A Folha, em seu editorial de 25/3, sob o título 'Liberdade sindical', ao criticar a estrutura sindical vigente demonstra cabal desconhecimento sobre o sindicalismo nacional.
Ao afirmar que 'a legislação é excessivamente rígida e não dá margem à negociação de contratos coletivos diretamente entre empresas e trabalhadores' cometeu uma heresia jurídica. Vejamos o que dispõe o parágrafo 1º do art. 611 da CLT:
'É facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar acordos coletivos, com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações do trabalho'.
Quanto à assertiva de que 'o imposto sindical criou artificialmente sindicatos descompromissados com os interesses dos trabalhadores', trata-se de resgatar a representatividade das entidades omissas e não impedir que os trabalhadores contribuam com 1/30 do salário por ano para o fortalecimento do único e legítimo defensor de seus interesses.
Nessa onda de globalização e desemprego, todos os esforços devem ser direcionados para o fortalecimento e organização dos trabalhadores e não à sua fragilização."
Francisco Eustáquio Salgado (Belo Horizonte, MG)
Nota da Redação - Os contratos coletivos de trabalho, vigentes em vários países, têm alcance muito maior do que os acordos coletivos previstos na CLT. Em tais acordos o sindicato não pode abrir mão de determinados benefícios previstos em lei em troca de outros que pareçam melhores. O contrato coletivo permitiria que empresas e sindicatos definissem todos os termos da contratação. Como observou o editorial, "o fim da unicidade e da contribuição sindical obrigatória, sugeridos pelo governo, são medidas defendidas publicamente até pela CUT".

Vergonha
"Vergonha! Vergonha para todo o Estado de Santa Catarina é esse execrável costume, a deplorável Farra do Boi. Que os catarinenses de bem, que felizmente são a maioria, se organizem para pôr fim a esse odioso costume."
Haroldo Frota (Curitiba, PR)

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