São Paulo, quinta-feira, 11 de abril de 1996
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Subiu, sumiu

CARLOS SARLI

Levou a 12 pés para passear. Infelizmente foi o que aconteceu com a prancha de Jorge Pacelli, 31, o único autêntico "big rider" entre 14 surfistas e jornalistas que a Aero Peru convidou para viajar a Punta Hermosa.
Preparado para Pico Alto, a maior onda surfável da América do Sul, ele foi o que menos se divertiu na trip. Enquanto surfávamos em Punta Rocas, ondas de 1,5 m a 2m, ele preferia correr, filmar nossas ondas ou mesmo ficar no hotel.
Fazendo tipo? Não. Talvez a "falta" de ondas, para os padrões que gostaria, tenha acelerado a saudade das duas filhas e da mulher, grávida do primeiro filho homem. Talvez só quisesse esperar o mar subir.
Pude perceber que pegar onda grande para ele é puro prazer e desafio, nunca exibicionismo.
Como todo homem do mar, histórias não faltam. Do Peru, onde já esteve dez vezes, lembrou de um mar de 20 pés, onde seu parceiro, um brasileiro falastrão que vivia ali, amarelou na hora de sair remando.
Do Havaí para onde foi 14 temporadas seguidas, só interrompidas neste ano, conta: "outro dia estacionei o carro em frente ao Sunset. O mar estava com uns 15 pés, perfeito.
Enquanto tirava a prancha da capa, chegou um carro com três profissionais brasileiros. Dei uma pilha para cairmos juntos, e tive que ouvir que eles não tinham pranchas adequadas. É possível um cara que vive do esporte ir para o Havaí e dizer não ter equipamento?"
Outra, é de uma viagem com dois surfistas e um fotógrafo de uma revista especializada.
Depois de três dias de boas ondas, um de seus colegas, após checar se o material fotográfico já dava para fazer a matéria, disse que iria voltar. Pacelli, indignado, perguntou: "Você só veio fazer foto? E essas ondas que estão rolando?".
A monoquilha de 12 pés shape, com pintura camuflada, ficou no La Posada. Em maio Pacelli volta para surfar Pico Alto.

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