São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Lideranças gays criticam o relator

Grupo do Rio desaprova projeto

GILBERTO DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A escolha do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como relator do projeto de lei que reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo -de autoria da deputada Marta Suplicy (PT-SP)- foi criticada por lideranças ligadas à causa homossexual no Rio de Janeiro.
O vice-presidente do Grupo Atobá, Raymundo Pereira, não duvida que o projeto seja reprovado.
"Não entendo como a Marta deixou seu projeto nas mãos de um homófobo. Agora, se ele aprovar, pode ter certeza que será reeleito pelos gays", disse.
Pereira ressaltou que o Brasil seria o primeiro país das Américas a legitimar a união homossexual e que espera pressões internacionais caso o projeto seja reprovado.
Para Augusto Andrade, do Grupo Arco Íris de Conscientização Homossexual, só o fato de o projeto ter sido colocado na Câmara já é motivo de comemoração. Segundo ele, a discussão pública do tema ajuda a combater o preconceito.
"Não brigamos por um casamento de véu e grinalda, mas por uma questão de direitos de cidadania. Vivo com meu companheiro há 12 anos e não temos nenhuma lei que nos apóie quanto à divisão dos bens em caso de morte", disse.
João Antônio de Souza Mascarenhas, presidente do Triângulo Cor de Rosa, considera o projeto de legitimação de casamento homossexual "uma bobagem".
"A escolha de Jefferson como relator é só mais um equívoco. A questão de sexo e do afeto não deve estar permeada por leis, especialmente se relacionadas ao patrimômio do casal. O casamento, hetero ou não, não deve ser visto como um negócio", afirmou.
Embora discorde da escolha do petebista para relatar o projeto, a advogada Sarandah Villas-Boas, vice-presidente do Barrales Cult (movimento de lésbicas) espera que ele seja imparcial.
"Está na hora de tratar a questão da orientação sexual de modo mais sério, sem preconceitos. Jefferson, apesar de direitista, deveria não ser tendencioso", disse.

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