São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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A coisa certa

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Passa o tempo e Pedro Malan também aprende as lides do marketing político. Da retórica, ao menos.
Ontem no Senado, com cobertura ampla na televisão, ele abriu declarando -em frase obviamente pensada e repensada, e que ele próprio avisou querer deixar bem marcada:
- Fizemos a coisa certa!
Nada original, mas para quem viu o ministro da Fazenda próximo de gaguejar, em pronunciamento gravado, um ano atrás, o avanço é considerável.
Ou não. Um ano atrás Pedro Malan gaguejava e distribuía constrangimento em cadeia nacional, mas tudo o que dizia era louvável, o real era inquestionável.
Agora, a "coisa certa" que ele diz ter feito é despejar recursos públicos no sistema financeiro.
Diz ter "tranquila convicção" do que fez. E chegou perto de gaguejar, quase dizendo "tranquila consciência" -mas aí era pedir demais da nova capacidade retórica de Pedro Malan.
Decoro
Segundo a CNT, o depoimento do ministro da Fazenda foi acompanhado de "tumulto", de "confusão" entre ACM e Eduardo Suplicy.
Na verdade, mais do primeiro, que fez do Econômico uma obsessão.
Aconteceu um "bate-boca de cinco minutos que só foi terminar quando o presidente da sessão, senador Gilberto Miranda, cortou o som dos microfones".
Quando Gilberto Miranda é quem cuida da ordem, é porque a coisa vai mal.
E vai mal, também na Câmara dos Deputados. A Bandeirantes mostrou um bate-boca de Agnaldo Timóteo consigo mesmo, buscando agredir o almirante Júlio Bierrenbach, que prestava depoimento sobre o Riocentro.
Aos gritos de "anistia somente para os militares", os microfones foram cortados.

E-mail:1nelsonsa@folha.com.br

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