São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Pará é o campeão em exploração sexual

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Pará é o Estado que tem a maior variedade de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Os dados estão em levantamento divulgado ontem pelo Cecria (Centro de Referências, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes do DF).
O levantamento se baseou em denúncias, nem sempre comprovadas, e informações apuradas por ONGs (organizações não-governamentais) e pela CPI da Prostituição Infantil da Câmara dos Deputados, que ocorreu em 1993.
O levantamento listou 13 tipos diferentes de exploração de crianças e adolescentes em 20 unidades da Federação -não há informações sobre Piauí, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas e Espírito Santo.
Em Belém e no interior do Pará acontecem pelo menos 8 dos 13 tipos de exploração levantadas: turismo sexual, prostituição em garimpos, escravidão, leilões de virgens, abuso por policiais, cárcere privado, mutilação e homicídio.
Os outros tipos de exploração apontados pelo Cecria são: venda e tráfico de menores, estupro, incesto e abuso sexual doméstico, prostituição em navios, prostituição de meninos e meninas de rua, pornografia com filme e vídeo.
Segundo Maria Lúcia Leal, presidente do Cecria, a falta de outros tipos de exploração nos Estados pesquisados não significa que eles não aconteçam -apenas que não foram apuradas. Ela espera conseguir mais informações na próxima semana, no Seminário Contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Américas.
O seminário começa no dia 16, terça-feira, e dura cinco dias. É uma preparação para o Congresso Mundial Contra a Exploração Sexual de Crianças, entre 27 e 31 de agosto, na Suécia.
Distrito Federal
No Distrito Federal e na área do entorno, em Goiás, aparecem 3 dos 13 crimes listados: prostituição de meninos e meninas de rua, leilões de virgindade e estupro, incesto e abuso sexual de menores.
Em 95, a Secretaria da Segurança do DF registrou 138 estupros, 112 atentados violentos ao pudor e 40 de sedução, todos tendo como vítimas menores e adolescentes.
A prostituição de meninos e meninas de rua foi apurada em uma pesquisa da assistente social Patrícia Campanatti. Meninas que têm entre 10 e 15 anos esperam clientes que passam de carro embaixo de um viaduto na pista expressa que atravessa a Asa Norte. Elas cobram R$ 20 pelo "programa".
Os leilões de meninas virgens estão sendo apurados pela polícia em Santo Antônio do Descoberto (GO). A antropóloga Vera Lopes ouviu testemunhas que afirmam ter participado de um desses leilões, em uma chácara.

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