São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Ceará tem postura 'suíça'

DA AGÊNCIA FOLHA; DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Trabalho e Ação Social do Ceará, José Rosa Abreu, diz que o destaque recebido pelo Estado em problemas envolvendo a adolescência acontece porque o "governo não tem pudor em expor essa triste realidade".
Ele compara a postura do governo cearense ao tratamento dado pelo governo suíço à questão do suicídio. "A Suíça tem a fama de ter altos índices de suicídio porque, ao contrário dos outros países, não esconde o problema", diz Abreu.
Segundo Abreu, o serviço de inteligência da PM tem uma ação "estratégica e constante" no desmantelamento da rede de prostituição infantil.
Abreu afirma que o governo desenvolve um conjunto de projetos que visam criar condições para "sociabilizar" menores carentes e que o tráfico de bebês "foi quase extinto".
No Pará, a prostituição infantil é o mais frequente problema referente à violência contra crianças, segundo duas das principais organizações de amparo a crianças e adolescentes.
"Existem pelo menos 7.500 prostitutas entre 12 e 18 anos só na região metropolitana de Belém", afirmou Lurdes Barreto, presidente do Gempac (Grupo de Apoio a Mulheres Prostitutas da região Central de Belém).
A prostituição tem maior incidência no interior. Os principais focos ficam situados próximos às regiões de garimpo e de projetos minerais (como os da Cia. Vale do Rio Doce).
Segundo Lurdes, a prostituição geralmente vem acompanhada de violência física e trabalho em regime de escravidão.
Até as 18h de ontem a secretária de Trabalho e Promoção Social do Pará, Socorro Nóbrega, não havia retornado a ligação da Agência Folha.
O juiz de menores do Rio, Siro Darlan, disse ontem à Folha que as denúncias são verdadeiras, mas que não há estatísticas confiáveis que possam embasá-las. "A gente sabe que é tudo verdade, mas não existe uma estatística oficial séria."
Para o presidente da Febem, Eduardo da Silva, os dados refletem uma realidade presente na rotina das internas da instituição. "Muitas vêm para cá por estar envolvidas com tráfico, e isso frequentemente está relacionado ao abuso sexual."

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