São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Usuário depreda trem e estação no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A queda de um suposto surfista ferroviário interrompeu parte das viagens de trens na região metropolitana do Rio, provocando, anteontem à noite, depredações e o incêndio criminoso de dois vagões de um trem de passageiros.
A Flumitrens (Companhia Fluminense de Trens Urbanos) avaliou os prejuízos em US$ 5 milhões.
Além dos que foram queimados, a empresa estatal contabilizou 22 vagões que tiveram vidros e assentos destruídos.
Apesar de ter recebido uma descarga elétrica calculada pela Flumitrens em 3.000 volts, o servente de obras André da Conceição Proença, 20, não morreu.
'Surfista'
Proença está internado no hospital do Andaraí (zona norte do Rio), com 30% do corpo queimado.
Segundo o hospital, Proença corre o risco de perder o braço direito, bastante afetado pelas queimaduras. O tórax dele também ficou muito queimado.
O servente nega que estivesse viajando no teto do trem.
"Não sou surfista. Estava entrando no trem quando ouvi um estouro. Acordei no hospital", afirmou ele.
Curto-circuito De acordo com a Flumitrens, os problemas no sistema ferroviário começaram às 18h, quando um curto-circuito interrompeu o ramal que liga o Rio à cidade de Japeri (a 60 km da capital, na Baixada Fluminense).
O curto teria sido provocado quando um passageiro que viajava no teto do trem que passava por Edson Passos (bairro em Nilópolis, cidade na Baixada Fluminense) se segurou na fiação elétrica após perder o equilíbrio.
Com o corte de energia, pararam todos os trens que faziam o ramal de Japeri.
Revolta
Revoltados, os passageiros que lotavam o trem parado entre as estações de Ricardo de Albuquerque e Deodoro (zona norte) desceram para os trilhos e depredaram os oito vagões, incendiando dois deles.
Na estação Central do Brasil -ponto de partida dos trens, no centro do Rio-, o atraso irritou os passageiros que aguardavam a liberação do ramal.
Pouco depois das 21h, cansados de esperar, centenas de passageiros passaram a quebrar vidraças e arrancar os bancos da estação, atirando-os sobre a linha férrea.
A casa dos maquinistas, na plataforma oito, foi atacada a pedradas. Dois trens (cada um deles com oito vagões) foram depredados.
O Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) ocupou a estação Central uma hora depois do início dos tumultos.
A Polícia Militar informou que não houve prisões.

Texto Anterior: Hospitais do SUS cobram atendimento
Próximo Texto: Polícia descobre rota de armas em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.