São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Tesouro faz aumentar saída de dólares

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As saídas superaram o ingresso de dólares em US$ 1,128 bilhão no dia 11. Este é o pior resultado numérico desde o dia 9 de março de 1995 (auge da crise provocada com a mudança da política cambial em resposta à crise mexicana).
Mas, desta vez, a culpa é do Tesouro Nacional e não de uma fuga de recursos do país.
O Tesouro está remetendo US$ 1,2 bilhão para o pagamento, na segunda, da dívida externa.
Esse caminhão de dólares pilotado pelo Tesouro, na realidade, não afetou as cotações -já que o Tesouro fechou a remessa diretamente com o BC (Banco Central) e não junto a bancos.
Mas, ontem, o dólar subiu e fechou cotado a R$ 0,9931 (o "teto" da minibanda é R$ 0,994).
Os computadores de bancos registraram até as 18h30 um fluxo negativo de US$ 74 milhões.
O que tem chamado a atenção dos analistas é o fato de o BB (Banco do Brasil) ter atuado fortemente na compra nos últimos dois dias.
Mas, conforme o mercado futuro, a pressão altista deve ser passageira. Enquanto o dólar à vista foi negociado a R$ 0,9931, no futuro, fechou a R$ 0,992.
Na área de juros, ontem, tomando dinheiro emprestado por 3,01%, o BC (Banco Central) acabou mostrando ao mercado que, no final, a política de juros continua inalterada: a taxa pode flutuar 0,20 pontos percentuais.
O estranho é o movimento da liquidez. Anteontem, faltou dinheiro e, ontem, sobrou -apesar do recolhimento de tributos de R$ 1,5 bilhão.
Segundo os analistas, essa flutuação só tem uma explicação: algumas instituições estão tendo de, em alguns dias, pedir socorro ao redesconto do BC.
A Bolsa paulista, bastante influenciada pelo vencimento das opções (compra ou venda antecipada de ações por preços predeterminados), fechou com baixa de 0,08%. O C-Bond, um dos mais negociados títulos da dívida, subiu 2% e fechou cotado a US$ 0,5763.
Chamou a atenção do mercado o descolamento dos títulos e das Bolsas latinas do nervosismo com a oscilação dos juros pagos nos títulos de 30 anos norte-americanos -que ontem variaram entre 6,89% e 6,97%. É um indicativo de que parecem estar melhores, aos olhos dos estrangeiros, as perspectivas para a região.

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