São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996 |
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Orides Fontela arma uma nova "Teia"
ELVIS CESAR BONASSA
Desde seu primeiro livro, "Transposições", em 1969, atraiu o interesse, a admiração, de críticos e professores como Antonio Candido, Marilena Chauí, Décio de Almeida Prado, Davi Arriguci Jr., Nougueira Moutinho. Hoje, lança seu quinto livro, "Teia" (Geração Editorial), após 11 anos. "De todas as tentativas, a poesia foi a única que deu certo", diz, na sala do apartamento com vista para o Minhocão. Deu certo, mas não deu nenhuma condição de vida. Formada em filosofia pela USP, em 72, virou professora primária, porque "a ditadura tirou a filosofia do 2º grau". Passou por crises nervosas, mergulhou no alcoolismo, dependeu da ajuda financeira de amigos para sobreviver. "Isso tudo são fases, faz parte do passado", diz a poetisa. Nascida em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, Orides passou mesmo por muitas fases. Entre elas, a mais importante talvez tenha sido a vinda para São Paulo. Seu pai, Álvaro, era operário, analfabeto. A mãe, Laurinda, dona de casa, mas instruída o suficiente para alfabetizar Orides. Aos 26 anos, já "poeta municipal", Orides decidiu vir para a capital, estudar filosofia. "Por que filosofia? Você cai aqui nesse planeta, um lugar esquisitíssimo, não tá entendendo nada. Eu queria entender e cheguei à conclusão de que estou aqui para escrever versinhos." Em São Paulo, aprofundou a trilha da solidão. Filha única, "amostra grátis" ela define, Orides menteve relações inconstantes com amigos que fez. Família, apenas uma "prima distante". Em São Paulo, conheceu a obra de poetas estrangeiros que ampliaram o universo inicial Manuel Bandeira/Carlos Drummond de Andrade/simbolismo. Em São Paulo, publicou seus livros. Esta mesma São Paulo, agora, a desconhece. Com o novo livro, Orides espera romper um pouco o isolamento e, com isso, melhorar a vida. "Meu problema é social." Texto Anterior: Canal chinês atingirá 90% da população mundial Próximo Texto: Escritora quer ser acessível Índice |
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