São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 1996
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Técnica fascista; Preconceito; Contradição; Benetton; Ausência de notícias; Indignação; Fumaça liberada; Marcha dos sem-terra; Marketing direto

Técnica fascista
"Tenho sobre minha mesa dois textos de autoria do advogado Saulo Ramos. O primeiro é um artigo publicado na Folha no dia 9/4 sobre a Lei de Imprensa ora em tramitação na Câmara dos Deputados.
O segundo, um alentado parecer de 50 páginas elaborado a pedido da Associação Brasileira de Rádio e TV (Abert) sobre as rádios livres ou piratas.
São técnicas e objetos diferentes fornecidos, como serviços, a um mesmo cliente. O parecer está lavrado em termos profissionalmente adequados, independentemente da avaliação do seu conteúdo.
O texto do artigo, lamentavelmente, preferiu a técnica fascista de desqualificar o interlocutor, no caso a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados, em vez de discutir seriamente o mérito do projeto de lei.
O objetivo é intimidar os deputados antes mesmo da discussão em plenário de uma lei que permitirá ao cidadão defender sua dignidade e reputação, bem como assegurar à sociedade o pleno direito à informação.
O advogado das grandes empresas de comunicação não conseguirá o seu intento."
Domingos Leonelli, deputado federal pelo PSDB-BA (Brasília, DF)

Preconceito
"Gostaria de protestar contra a violência e o modo inadequado, desrespeitoso e jocoso com que a Polícia Militar de Minas Gerais tratou os trabalhadores rurais em sua chegada a Belo Horizonte.
A PM utilizou-se de armas medievais às quais deu nome de 'Aruega' e 'Sapezinho'. Aruega e Sapezinho foram os primeiros acampamentos do Movimento Sem Terra no Estado de Minas Gerais.
A denominação dada às armas pela Polícia Militar de Minas Gerais demonstra preconceito claro dessa instituição contra cidadãos brasileiros, trabalhadores, excluídos do processo econômico."
Nilmário Miranda, deputado federal pelo PT-MG (Brasília, DF)

Contradição
"O título 'Covas lança plano com PMs provisórios', na pág. 3-5 de 9/4, contradiz o conteúdo da reportagem e insinua que o programa foi lançado com PMs que ainda não são PMs.
Isso é uma incorreção. Não existem PMs provisórios. Como a própria reportagem afirma, foram destacados para a zona sul 1.242 policiais militares, sendo 580 soldados recém-formados, 312 dos Batalhões de Policiamento do Choque, isto é, policiais com formação especializada, e 350 alunos oficiais da Academia do Barro Branco.
Os alunos dessa academia, cujo curso leva quatro anos, são denominados aspirantes a oficial, portanto superiores às patentes de cabo, soldado e sargento. Os que participam do programa estão nos últimos anos da academia.
Pode-se verificar, portanto, que não há nenhum policial provisório. O erro é da Folha que, não pela primeira vez, produz títulos incoerentes, contradizendo o conteúdo de suas reportagens."
José Afonso da Silva, secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Benetton
"Parabéns à Folha por publicar o protesto do sr. Paulo Maluf sobre as ofensas contra a cidade de São Paulo proferidas pela Benetton.
Vamos boicotar a tal grife, pois dignidade e caldo de galinha não fazem mal a ninguém."
Francisco Noronha (Franca, SP)
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"'Pelas páginas da Folha, conclamo todos os paulistanos a boicotarem a grife Benetton, que além de oferecer produtos de péssima qualidade cobra preços absurdos' (Paulo Maluf, prefeito de São Paulo).
E eu conclamo todos os paulistanos a boicotarem o prefeito de São Paulo, pelos mesmos motivos."
Marta Lucia Correia Marcondes (São Paulo, SP)

Ausência de notícias
"Tenho sido surpreendido com o fato de que algumas notícias, que considero de relevância, têm deixado de figurar neste jornal.
No dia 9/4 foi assinado o Pacto do Bandeirantes pela erradicação do trabalho infantil em toda cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro do Estado de São Paulo. Tal pacto prevê a não-utilização, já na próxima safra, de mão-de-obra infantil.
Fatos como esse, de profunda importância para São Paulo e para o Brasil, deveriam merecer deste jornal ao menos algumas linhas."
Luiz Felipe Franco Soutêllo (São Paulo, SP)

Indignação
"Aguardo, indignado, posição deste jornal sobre a despropositada reportagem intitulada 'Igreja poderia assentar mais de 20 mil famílias' e os questionamentos do ombudsman.
Por onde anda a imparcialidade do maior jornal do hemisfério? Por onde anda o compromisso com a investigação criteriosa e responsável? Por onde anda o 'mea culpa' da Folha?"
Gustavo Mameluque (Montes Claros, MG)

Fumaça liberada
"É com muita satisfação que venho acompanhando na Folha as sucessivas derrotas jurídicas da Prefeitura de São Paulo em relação ao decreto antifumo.
Dona Silvia Maluf: você, assim como todos nós fumantes, já pode voltar a fumar em paz...'."
Luciano Francisco Pacheco do Amaral Neto (São Paulo, SP)

Marcha dos sem-terra
"Espero que a marcha dos sem-terra seja apenas o começo de um movimento nacional que mobilize todos os setores da sociedade brasileira pela reforma agrária."
José Zico Prado, deputado estadual pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Marketing direto
"Em referência ao artigo 'Compra pelo telefone traz problemas' (18/3), gostaríamos de salientar: todas as empresas citadas são empresas que trabalham com o sistema de importação direta; ou seja, a empresa anunciante intermedeia uma venda entre o consumidor no Brasil e uma empresa no exterior. A InterPro utiliza o sistema de venda por marketing direto. Todos os produtos importados comercializados pela InterPro já estão no Brasil devidamente desembaraçados na alfândega e Receita Federal."
Eduardo Blücher, diretor-executivo da InterPro -International Projects Ltda. (São Paulo, SP)

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