São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996 |
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Motta atrela futuro político à reeleição
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Definido esse ponto, Motta só precisará resolver a sucessão no Ministério das Comunicações. Ele quer alguém de sua equipe. Outros caciques do PSDB gostariam que Clóvis Carvalho fosse para o posto, deixando a Casa Civil. A data-limite estabelecida pelo governador Covas é 10 de maio, mas a decisão de Motta sobre a candidatura pode até sair antes. O ministro é o principal articulador da reeleição já. Entretanto, se a emenda fosse aprovada, ele seria prejudicado, porque não aceitaria enfrentar Paulo Maluf. A aparente contradição entre a ação do ministro e sua vontade de disputar a eleição tem duas explicações. Os amigos dizem que, em primeiro lugar, Motta coloca o interesse de Fernando Henrique. A perspectiva de o presidente permanecer no Planalto por mais sete anos, em vez de três, avaliam os tucanos, aumentaria a fidelidade da base parlamentar a FHC. Os inimigos vêem outras motivações na iniciativa de Motta: ao levantar poeira pela reeleição, o ministro estaria tentando conquistar a simpatia do prefeito Maluf para que ele o apoiasse num eventual segundo turno paulistano. Seja qual for o motivo, a articulação já teve consequências: a reeleição monopolizou os debates no Congresso nas últimas semanas, atropelou a votação das reformas constitucionais e aumentou as arestas entre PSDB e PFL. Experiente quando o tema é continuar no poder, o PFL prevê grande desgaste na votação da emenda. Cotado para ser o relator do projeto, o deputado Paulo Bornhausen (PFL-SC) declinou do posto ao perceber que a aprovação custará caro, literalmente. A votação da reforma administrativa também é uma das vítimas da reeleição já. Há avaliações no governo de que não ela passa no Congresso em meio a tanta turbulência e que é melhor adiá-la. Porém cada atraso na sua tramitação torna a aprovação mais difícil por causa da proximidade das eleições. Como a Previdência, o tema é impopular, e a CUT já espalhou outdoors chamando de traidores os deputados pró-reforma. Muitos são candidatos a prefeito. Para complicar, o estilo centralizador de Motta está acentuando as diferenças dentro do próprio governo. A confusão já virou piada. O secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, que divide a articulação política com Motta, seria o principal incentivador da candidatura do ministro. Os tucanos concordam e propõem que ele comande a campanha. Assim, ambos ficariam longe das articulações brasilienses. Texto Anterior: As razões Próximo Texto: 'São Paulo progride à sombra do Rio', diz ministro Índice |
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