São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC recua e adia aumento a funcionários

SHIRLEY EMERICK; SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, recuou e suspendeu o aumento de até 77,47% concedido aos funcionários do banco.
Ontem, ele encaminhou um novo voto ao Conselho Monetário Nacional para sustar o aumento temporariamente.
O aumento havia sido aprovado na quinta-feira, em uma reunião extraordinária do CMN. O voto aprovado anteontem pelo BC foi encaminhado ao conselho em agosto do ano passado.
Ele ainda não tinha sido aprovado para evitar as repercussões nas outras áreas do governo, uma vez que os funcionários públicos estão reivindicando reajustes salariais desde janeiro deste ano.
O aumento aprovado beneficiava os níveis mais baixos do corpo técnico, sendo que o maior nível -presidente e diretores- não teve reajuste (veja quadro abaixo).
No voto de ontem, o BC pediu a suspensão da decisão para estudar o impacto do aumento na sua execução financeira e orçamentária -o BC não divulgou qual o impacto do reajuste aprovado e agora suspenso temporariamente.
Além do aumento salarial, também foi suspensa a implementação de um programa de dispensa voluntária no BC. A nota explica também que a suspensão do aumento já foi aprovada pelos ministérios da Fazenda e Planejamento.
Corrida
Mesmo suspenso temporariamente, a autorização do reajuste criou grande expectativa no funcionalismo público federal e em outras áreas da iniciativa privada.
O funcionalismo pretendia usar o percentual como instrumento de pressão junto ao governo. As entidades sindicais dos servidores federais se reúnem hoje para preparar greve por tempo indeterminado, a partir de terça-feira.
"É claro que vamos tirar proveito disso. É a prova de que o Tesouro tem dinheiro para conceder reajuste", disse ontem Cláudio Santana, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Brasília, sem saber da suspensão.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, disse que o aumento, se concedido, provocaria uma correria das outras categorias por reajustes salariais.
Ele afirmou que a decisão do CMN que autorizou o reajuste foi "irresponsável", pois o governo se negou a reajustar os salários do funcionalismo.
A Folha apurou que as Forças Armadas não estão negociando aumento, mas esperam que algum tipo de reajuste seja concedido no próximo mês de maio.
Bancos
O diretor da Confederação Nacional dos Bancários -ligado à CUT-, Francisco Alexandre, disse que o aumento no BC havia sido uma resposta a reivindicação feita em agosto do ano passado.
Os funcionários do Banco do Brasil ainda estão brigando para receber o aumento real de 3,37% aprovado pelo Tribunal Superior do Trabalho no final de 1995.
O banco está recorrendo desta decisão e só quer pagar os 20,94% referentes ao resíduo do IPC-r até setembro de 95.
(SHIRLEY EMERICK e SILVANA DE FREITAS)

Texto Anterior: Operações chegaram a R$ 4,5 bi
Próximo Texto: Leia a nota da Fazenda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.