São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Mãe defende vôo que matou menina

Pais de Jessica, 7, eram divorciados

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A mãe da menina de 7 anos que morreu anteontem quando pilotava um avião continuou defendendo ontem sua decisão de deixar a garota voar.
"Eu fiz tudo para essa criança ter liberdade, o valor nacional do país. Se você proibir seus filhos de fazerem coisas perigosas, eles não vão poder nem andar de bicicleta, não vão fazer nada", disse Lisa Blair Hathaway.
Ela tem outros dois filhos, um mais velho e um mais novo do que Jessica Dubroff, 7, que morreu com o pai e o seu instrutor aeronáutico anteontem em Cheyenne, Wyoming (oeste dos EUA).
O pai de Jessica, Lloyd Dubroff, havia dito em entrevistas na quarta-feira que a idéia de a menina cruzar o país de costa a costa no comando de um avião havia sido dele. Dubroff e Hathaway eram divorciados.
As autoridades da aviação civil dos EUA repetiram ontem que o único responsável pela decolagem de Cheyenne, apesar da tempestade de chuva e gelo, foi o dono do avião, Joe Reid, que também morreu no acidente.
Um vôo comercial da United Express, que deveria ter saído de Cheyenne minutos depois do de Jessica, foi atrasado por decisão do piloto, que resolveu esperar a tempestade passar.
Diversos analistas aeronáuticos acham que a decisão de Reid pode ter sido influenciada pela grande promoção que emissoras de TV e jornais estavam dando ao vôo de Jessica, que queria se tornar a pessoa mais jovem a cruzar os EUA no comando de um avião.
Jessica era uma garota cheia de interesses, segundo familiares e amigos. Estava aprendendo três instrumentos musicais (piano, pistom e violão), trabalhava como entregadora de jornais e praticava equitação.
Hathaway disse que "implora aos outros pais" para não usarem o acidente como argumento para conter os filhos. "Certamente, eu desejaria que os meus filhos morressem em um estado de alegria, mas não aos 7 anos".
(CELS)

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