São Paulo, sábado, 13 de abril de 1996
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Israel ataca militares sírios em Beirute

ROBERT FISK
DO "THE INDEPENDENT", EM BEIRUTE

A blitz israelense contra o Líbano começou a se tornar uma crise internacional ontem, quando helicópteros abriram fogo contra baterias antiaéreas sírias nos subúrbios ao sul de Beirute, matando um militar sírio e ferindo gravemente sete.
Israel negou que quisesse atingir alvos sírios, mas o incidente deverá ter graves repercussões sobre as negociações de paz na região, já em processo de decomposição.
Israel lançou ontem uma nova ofensiva no Líbano que deixou, além do sírio, outros 12 mortos.
Enquanto os israelenses bombardeavam a capital, até 50 mil refugiados libaneses se dirigiam a Beirute, fugindo de casa depois de avisados por Israel de que os povoados seriam atacados, na caça aos combatentes do Hizbollah.
Ataque do Hizbollah
Ainda ontem, os guerrilheiros do grupo retaliaram os ataques israelenses da quinta-feira, lançando mais de 24 mísseis Katiucha contra o norte de Israel. Cinco civis ficaram feridos em Kiryat Shmona.
O premiê Shimon Peres visitou a cidade ontem. "Se eles achavam que o Katiucha é uma arma superior, teremos de lembrar a eles que temos melhores mísseis", disse.
Horas mais tarde, Israel partiu para o contra-ataque, com um ataque de morteiros ao povoado de Iohmor, no vale do Bekaa, que matou nove civis libaneses.
Oito civis feridos por morteiros israelenses foram socorridos por hospitais em Tiro. Houve ataques também em Nabatieh e Qlaileh.
No sul do Líbano, tropas israelenses estariam preparando um ataque de pára-quedistas a aldeias semi-abandonadas ao norte da zona de ocupação. Centenas de guerrilheiros do Hizbollah -a única parcela da população libanesa que não sofreu baixa ontem- se mantinham escondidos em povoados no alto das colinas, esperando a chegada das tropas israelenses no caso de uma invasão aerotransportada se concretizar.
O Hizbollah assumiu a responsabilidade pelo ataque de mísseis a Kiryat Shmona, afirmando que foi apenas a primeira resposta aos "crimes do inimigo".
Saied Hassan Nasrallah, líder do grupo, disse que sua principal retaliação, ainda não concretizada, vai "deixar o mundo atônito".
Independentemente do grau de verdade dessa declaração, o fato é que o Hizbollah vem buscando um confronto militar com Israel há meses, e agora, finalmente, parece que os israelenses -apesar do medo de se engajar em mais uma operação militar no Líbano- estão prestes a satisfazê-los.
Israel não quer repetir seus desastres anteriores no Líbano, mas está mergulhando cada vez mais fundo numa guerra que só seus adversários parecem desejar travar.

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