São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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De Washington

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

Estou em Washington para duas conferências: uma sobre problemas regionais e outra sobre "Crises Bancárias na América Latina" (comentarei no próximo domingo).
Aproveito para registrar a estréia mais esperada da próxima temporada teatral da cidade: a ópera "O Guarani", de Carlos Gomes, este famoso mas tão vilipendiado compositor de Campinas. Plácido Domingos será o Peri e Verônica Villaroel a Cecília.
O diretor é o famoso Werner Herzog (de Fitzcarraldo) e, o maestro, o brasileiro John Neschling. A ópera ficará em cartaz só em novembro, no teatro Kennedy Center.
Esse registro é para resgatar o valor de Carlos Gomes, que no Brasil ainda é considerado por críticos epidérmicos um "compositor menor".
Em Bonn (Alemanha), onde a ópera foi encenada em 1994, a crítica foi: "trata-se da mais dramática redescoberta operística do ano". Giuseppe Verdi, quando a peça estreou com sucesso no La Scala de Milão em 1870, escreveu que era uma composição de um "gênio musical verdadeiro".
Segundo o "Washington Post", "o Guarani vem recebendo críticas laudatórias merecidas, cem anos após a morte de seu compositor".
Lições a tirar: é preciso valorizar nossos artistas, cientistas, acadêmicos, cineastas e profissionais criativos. Esse é o "capital humano" mais valorizado do final de século.
E basta com essa mania de dizer que a Carmem Miranda ficou "americanizada", que a Bossa Nova era "jazz fantasiado", que Carlos Gomes era um "compositor italiano", que "O Quatrilho" não é "coisa nossa" e que Tom Jobin "se vendeu" por um apartamento em Nova York.
Nesse caso, será que o "football" é brasileiro?

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