São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Consultor pede fiscalização para proteger consumidores

DA REDAÇÃO

O consultor Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (entidade que reúne executivos financeiros e de administração), entende que o governo deveria fiscalizar mais o comércio para evitar que "o consumidor desavisado pague taxas de juros exorbitantes".
O consumidor não é corretamente informado pelas lojas sobre os juros, reclama ele. "Você vê um anúncio dizendo que o juro é de 7% ao mês, faz o cálculo e dá 7,30%. Em outros casos, vê 8% e constata 12%. Ou a empresa não sabe calcular, o que acho difícil, ou é má-fé mesmo."
Oliveira também cita ofertas de três vezes "sem juros", que, a seu ver, são enganosas: "É óbvio que há juro embutido".
Ele dá o exemplo de um perfume por R$ 22 à vista ou duas parcelas de R$ 13. "O consumidor que parcelar estará pagando 44,44% ao mês, a diferença dos R$ 9 'financiados' para o segundo cheque de R$ 13."
Para Oliveira, boa parte do comércio passou a ter na operação financeira, e não mais na revenda, sua atividade principal. É por isso, segundo ele, que muitas lojas resistem em dar desconto sobre o preço à vista.
Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi (associação nacional das financeiras), concorda que os juros para pessoas físicas estão muito altos, embora, no caso de veículos, já estejam em 5,6% ao mês, diz ele.
Ele critica o IOF -"1% ao mês é um absurdo"- e o peso dos compulsórios, mas relaciona o tamanho dos juros também ao tipo de produto, ao limite de prazo e ao volume financiado via sistema financeiro.
Num veículo há maior garantia, diz ele. Mas financiam-se também bens de baixo valor unitário, com menor garantia e maior custo de processamento da operação financeira.
O volume financiado pelo sistema bancário ainda é baixo, pois há a concorrência dos pré-datados, o que, para Franco, impede queda maior do juro.

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