São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Condomínios viram "zona de guerra"

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira geração das crianças de condomínio cresceu, chegou à adolescência e está exigindo toda a atenção de pais e vizinhos.
Construídos a partir do final da década de 70 como opção de moradia para quem desejava tranquilidade e segurança, os grandes condomínios de apartamentos vivem hoje problemas semelhantes aos que afetam o mundo externo.
Barulho, vandalismo, depredações do patrimônio e desrespeito às normas internas são práticas comuns na maioria deles.
Para enfrentar a situação, muitos condomínios estão se equipando com sofisticados sistemas de segurança e contratando funcionários e vigilantes de empresas especializadas. Alguns possuem verdadeiros exércitos de seguranças.
Adolescentes
Entre os problemas causados por moradores, os mais frequentes estão relacionados aos adolescentes. Som alto e fora do horário permitido, patins, skates e brincadeiras com extintores são as mais frequentes fontes de reclamações.
Outras infrações, como pisar na grama, formar aglomerações na portaria e brincar em locais não-permitidos, também são praticadas com frequência por crianças e adolescentes.
Entretanto, a questão da segurança não se esgota apenas com o uso de equipamentos sofisticados ou funcionários treinados.
Segundo José Eimar Araújo, 49, diretor da administradora Office Plus, mesmo que um condomínio seja equipado com os mais modernos sistemas de segurança, existem fatores -como a baixa remuneração e a alta rotatividade dos funcionários- que podem comprometer a eficácia dos sistemas.
Inimigo interno
Por outro lado, de acordo com Araújo, muitas vezes são os próprios condôminos que dificultam o trabalho dos funcionários.
"É comum que um morador demita um empregado e se esqueça de comunicar à portaria."
Para Benjamin Souza Cunha, vice-presidente de condomínios e relações trabalhistas do Secovi (sindicato patronal das construtoras e imobiliárias), a função da portaria é dificultar a entrada no condomínio. "Não existe segurança sem burocracia", afirma.
Na opinião dele, para que os funcionários possam desempenhar bem essa tarefa, é importante que recebam treinamento adequado e sejam respeitados.
Um problema bastante corriqueiro são atritos entre os moradores e os funcionários encarregados de manter a segurança e fazer valer o regulamento interno.
Para Midori Sano, 50, diretora da Megatrends, empresa especializada no treinamento de funcionários de condomínios, a função do zelador é administrar esses conflitos.
Na opinião de Midori, a chave para a solução desses problemas em condomínios está nas relações humanas. "Não adianta trabalhar apenas com os funcionários."

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