São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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Israel ataca refugiados no sul do Líbano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Helicópteros israelenses destruíram uma ambulância com refugiados do sul do Líbano, matando quatro crianças e duas mulheres.
O ataque contra a ambulância, que levava refugiados, aconteceu na presença de soldados da força de paz da ONU, em um subúrbio de Tiro, no sul do país. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas.
Com o novo ataque, o número de mortos desde o início da operação israelense contra a guerrilha islâmica Hizbollah (Partido de Deus) chegou ontem a 25, e o de feridos, a 53 -na maioria civis.
Navios de guerra de Israel passaram ontem a bloquear a entrada e a saída de navios dos portos de Tiro, Sidon (sul) e Beirute (capital).
Na esteira da escalada da ofensiva no sul do Líbano, dois outros grupos radicais, contrários à paz entre Israel e árabes como o Hizbollah, anunciaram ontem uma retomada de ataques suicidas contra alvos israelenses.
Em comunicado conjunto, Hamas (Movimento de Resistência Islâmico) e a Jihad (Guerra Santa) Islâmica prometeram vingança.
Escoteiros
O ataque de ontem ocorreu depois que as Forças Armadas de Israel advertiram que atirariam contra todo carro que circulasse pela região, sob a suspeita de levar reforços aos terroristas.
Israel anunciou que o carro atingido pertencia a um guerrilheiro do Hizbollah, que teria ficado ferido. "Se outras pessoas foram atingidas, elas foram usadas para encobrir atividades do Hizbollah", disse um porta-voz.
O carro era branco e tinha o logotipo de um grupo de escoteiros que tem várias ambulâncias.
Dados do governo libanês indicam que mais de 200 mil pessoas já fugiram em direção ao norte do país por causa dos ataques.
O Hizbollah diz ter atingido um helicóptero israelense próximo a Tiro. Comunicado do grupo também dizia que a aeronave tinha se incendiado, mas havia conseguido chegar ao navio de guerra israelense que está em frente à cidade.
A guerrilha assumiu ataques de mísseis contra o norte de Israel, ocorridos após as primeiras incursões israelenses de ontem. Não há informações de vítimas.
Motivação
Na quinta-feira, pela primeira vez desde 1982, Israel invadiu território libanês para atacar supostas posições do Hizbollah.
A justificativa oficial é a retaliação a mísseis do grupo, que mataram um soldado e feriram 36 civis no início da semana passada.
Mas as motivações também são políticas. O premiê Shimon Peres enfrenta eleições em 29 de maio, e pesquisas apontam empate com a oposição direitista, contrária ao processo de paz com os árabes.
Favorito no início do ano, Peres viu o apoio a sua candidatura cair após atentados de radicais islâmicos matarem 62 pessoas entre fevereiro e março. Com a ação no Líbano, ele tenta se desvencilhar da imagem de insegurança em Israel.

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