São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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OPORTUNIDADE AMEAÇADA

A lentidão nas reformas do Estado e as concessões oferecidas tanto em troca de sua aprovação como em seu desenho podem levar o país a perder uma enorme oportunidade de entrar em um novo ciclo de crescimento.
Não se trata apenas de perder os benefícios das privatizações, da modernização do Estado, da eliminação de monopólios e da redução do "custo Brasil". O avanço das reformas e a abertura de novos mercados tendem a criar um ambiente de otimismo, que favorece os investimentos e cria espaço para a ampliar a produção.
Em sentido contrário, a frustração quanto às expectativas do desempenho reformista do governo e, mais do que isso, a sensação de que a gestão estaria se acomodando às práticas lamentavelmente tradicionais da política levam a posturas defensivas e retraídas por parte da sociedade.
Por mais difícil que seja quantificar, são inegáveis os efeitos negativos produzidos pela impressão de que o governo reduziu o seu empenho em levar adiante o grande projeto de modernização do país.
A interminável demora na regulamentação da abertura dos monopólios do petróleo e das telecomunicações, as resistências à reforma administrativa, os volumosos recursos adiantados a bancos em dificuldades, os sinais de consentimento a pressões por verbas e outros gastos de conveniência política são, todos, fatores que contribuem para deixar dúvidas quanto ao grau de modernização que vai, afinal, resultar do atual processo reformista.
Seria lastimável que essas dúvidas se confirmassem e o Brasil perdesse essa oportunidade. Não é sempre que um país conta com uma situação externa favorável, um quadro político e econômico estável, um governo com bom apoio da população e, de modo geral, uma razoável expectativa de que o futuro próximo será melhor do que o presente.

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