São Paulo, domingo, 14 de abril de 1996
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APROVADO POR QUEM USA

A larga margem de aprovação do PAS pelos usuários dos três hospitais nos quais o plano foi implantado indica que os benefícios da iniciativa ultrapassam, pelo menos neste período inicial, seus eventuais deméritos. E o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, merece reconhecimento por ter patrocinado essa mudança, apesar das resistências enfrentadas.
Diante da conhecida precariedade dos serviços públicos na saúde, o ímpeto de propor formas alternativas de gestão, visando a melhorar o atendimento à população e escapar dos entraves corporativos e da burocracia estatal, é absolutamente desejável.
É claro que os resultados favoráveis da pesquisa Datafolha não eliminam os riscos apontados por vários médicos de que, dada a inexistência de mecanismos autônomos que favoreçam a qualidade dos serviços, esta venha a decair. De fato, a receita de cada cooperativa de médicos criada pelo PAS é fixa e determinada com base no número de moradores inscritos no hospital. Ela independe da quantidade de serviços efetivamente prestados.
Assim, ainda que de início a cooperativa tenha interesse em prestar bons serviços para atrair moradores e obter seu registro, uma vez cadastrada a população local a qualidade do atendimento dependerá da fiscalização da prefeitura. E esse mecanismo de receita fixa cria a situação perversa de que, quanto menos tratamentos o hospital fizer e quanto menores forem os dispêndios, maior será o ganho da cooperativa.
Mas, assim como não se deve tomar a avaliação inicial do público como definitiva, tampouco os riscos e obstáculos justificariam o imobilismo. É inegável que a aprovação do PAS pelos usuários constitui-se em poderoso argumento em seu favor. Apesar das ressalvas da maioria dos médicos e especialistas, o Plano PAS tem o grande mérito de quebrar o imobilismo numa área que já suportou todo o descaso suportável e simplesmente não podia permanecer como estava.

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