São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996![]() |
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Medida determina mudanças no projeto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Retirar a Petrobrás da liderança do gasoduto Brasil-Bolívia, segundo avaliação do Ministério do Planejamento, obrigará à reformulação integral do projeto.A usina sugerida pelo governo de São Paulo consumirá 8 milhões de metros cúbicos diários do gás boliviano -a metade do volume total que virá da Bolívia até o vigésimo ano do gasoduto. Tal volume de comprometimento altera integralmente as metas de comercialização originais, em prejuízo das empresas estaduais. Também tornaria obrigatória a revisão da utilização industrial do gás, que é a principal argumentação oficial em favor do gasoduto. O documento não esclarece se o governo paulista pretende privatizar o projeto da termoelétrica. Com a adoção da alternativa, o gasoduto chegará em sua primeira fase (diâmetro de 32 polegadas) apenas até Campinas (SP). O segundo ramal de 24 polegadas, até Porto Alegre (RS), ficaria para uma fase posterior. Acordos O documento elaborado por Mauro Marcondes Rodrigues tem 19 páginas e faz uma revisão crítica dos esforços desenvolvidos a partir de 1990 pela Petrobrás em torno do projeto para uso do gás natural. Recorda que o gasoduto teve inteiro apoio logístico e estratégico dos governos do Brasil e da Bolívia, cujos presidentes e estatais petrolíferas (Petrobrás e YPFB) trocaram assinaturas em acordos bilaterais e contratuais nos anos de 1993 e 1994. Um desses contratos estabeleceu o preço do gás, que será único nas "city-gates" (ou cidades-base do gasoduto), o que também teria de ser revisto integralmente. Pelo novo modelo, o preço deixa de ser único. Passa a ser diferenciado na entrada de Campinas e no ramal da região Sul. A nova postura oficial sobre o gasoduto agrada ao Banco Mundial, que já em 1993 questionou o seu controle estatal. O texto do Ministério do Planejamento acentua ainda que o modelo original do gasoduto é contraditório com o discurso oficial de quebra do monopólio e de abertura do setor petrolífero. Alerta O secretário alerta que a mudança eliminará do projeto o seu caráter de integração energética entre as regiões Sul/Sudeste e o Mercosul (por meio da conexão argentina), além de provocar atraso no desenvolvimento da indústria nacional do gás natural. Pela proposta original, o gasoduto poderia ser concluído ainda neste governo (até 98), o que se inviabiliza com a nova alternativa. Os planos oficiais estabelecem como meta para o gás natural, dentro da matriz energética nacional, a participação de 10% no ano 2000 e de 12% em 2010, contra os 2,5% de 1993. Texto Anterior: Petrobrás não deve controlar gasoduto Próximo Texto: Ministério evita falar de estudo Índice |
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