São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Leiva derrota governista em São Paulo

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O quercismo sobreviveu. Por apenas 16 votos, o ex-deputado estadual João Leiva ganhou a prévia de ontem que indicou o candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo.
Leiva teve 894 votos contra 878 do deputado federal Alberto Goldman, da ala do partido que apóia o governo Fernando Henrique Cardoso.
A apuração registrou ainda 14 votos nulos e dois em branco. O resultado foi anunciado às 22h20.
Logo que a vitória foi confirmada, Leiva agradeceu o apoio que recebeu do ex-governador paulista Orestes Quércia.
"O outro candidato teve o apoio do governo federal por meio do líder Luiz Carlos Santos, do Fleury (ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho) e o apoio velado do candidato Pinotti (José Aristodemo Pinotti, candidato derrotado no primeiro turno da prévia)", afirmou Leiva ao argumentar que o triunfo obtido por 16 votos era significativo.
"Eles todos se uniram para derrotar o quercismo e não conseguiram", acrescentou.
Suspeitas de Goldman
Goldman disse que reconhecia a vitória de Leiva, embora tivesse "muitas observações" sobre a prévia realizada ontem na Câmara Municipal de São Paulo.
O deputado anunciou que durante a semana convocará uma entrevista para citar os pontos que considera obscuros no processo interno peemedebista.
Foi a segunda derrota consecutiva por pequena margem que Goldman sofreu em confrontos peemedebistas. Em 1995, ele perdeu a presidência nacional do PMDB para o deputado cearense Paes de Andrade por apenas um voto.
Leiva, em discurso aos militantes do agrupamento quercista MR-8, dedicou sua vitória "ao grande líder Orestes Quércia". O vitorioso de ontem anunciou que almoçará hoje com Goldman para tentar selar a unidade partidária.
Em seguida, o candidato quercista ligou para o ex-governador para lhe informar o resultado da prévia. "Tanto vale ganhar por um ou 16. Era muito importante ganhar aqui", teria comentado Quércia, ao telefone, segundo relato de Leiva.
Torcidas
Desde a manhã, torcidas dos candidatos trocaram ofensas diante da Câmara Municipal.
Mais agressivos, os militantes do agrupamento quercista MR-8, gritavam contra o "adesismo" de Goldman. Tranquilo, o deputado fingia não ouvir as provocações.
O momento mais tenso ocorreu quando Goldman reclamou com a vereadora Lídia Corrêa, ligada ao MR-8, que havia sido tocado por um militante do agrupamento.
"Não enche o saco", respondeu a vereadora. "Não enche o saco você", devolveu o deputado.
Não houve economia de gastos na prévia marcada por suspeita de compra de votos. Leiva calcula que alugou uma centena de kombis para transportar eleitores.
Uma perua que distribuía camisetas para o claque de Goldman servia também para a entrega de sanduíches a seus cabos eleitorais.
Ao votar pela manhã, Luiz Carlos Santos, líder do governo na Câmara dos Deputados, evitou na saída o corredor polonês do MR-8.
"O partido está acabando em São Paulo e só a vitória de Goldman pode animar o PMDB de novo", analisou Santos.

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