São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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IDR quer PF passe a investigar mortes

Pedido foi levado à Justiça

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Os proprietários do Instituto de Doenças Renais de Caruaru (PE) entram hoje na Justiça de Recife (PE) com pedido para que a apuração das mortes de pacientes de hemodiálise seja feita pela PF.
Eles ainda darão entrada a pedido de habeas corpus preventivo no TJ de Pernambuco contra o que chamam de "prejulgamento" do governador Miguel Arraes (PSB).
Anteontem, Arraes recomendou à Secretaria da Segurança que peça a prisão preventiva dos médicos Bráulio Coelho e Antonio Bezerra da Silva, proprietários da clínica.
Eles são acusados por Arraes de serem os únicos responsáveis pelas 36 mortes de pacientes intoxicados durante sessões de hemodiálise. Os médicos alegam que as declarações de Arraes colocam o inquérito da Polícia Civil sob suspeita.
No total, 40 pacientes morreram, quatro em consequência do agravamento da doença renal.
Eles também dizem acreditar que as declarações do governador influenciem a Justiça Estadual.
"Falta equilíbrio ao governador para ele continuar conduzindo o processo. Por isso, queremos investigação federal", afirmou à Agência Folha Bráulio Coelho.
Outro argumento para levar o caso à esfera federal é de que o governo do Estado é o responsável, mesmo que não seja culpado pelas mortes, pelo credenciamento das 16 clínicas de hemodiálise do Estado. Das 16, só duas são públicas.
Eles dizem também que os recursos destinados ao tratamento dos pacientes renais são do Ministério da Saúde, embora sejam administrados pelo governo estadual.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Adaílton Vidal, disse que, pelas declarações do governador, "o Estado está querendo tirar o corpo fora".
Nesta semana os 14 médicos da Central de Nefrologia de Pernambuco, que funciona no Hospital do Servidor, em Recife, enviam a Arraes documento no qual dão 15 dias para que o governo solucione os problemas da central. Caso contrário, eles prometem parar.

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