São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Periquito dá sorte

NANDO REIS e MARCELO FROMER

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

E, então, um amigo comum começa a folhear a revista e, com um sorriso -misto de satisfação e perversidade-, indaga aos outros, apenas mortais, se não estão todos também assim impressionados com o fato?
Estávamos cruzando os céus.
Cada página estampa uma glória maior, que a cada página se amplia.
Lá, estão firmadas as imagens e os números que não precisam de palavras, tão fortes que se insinuam.
Seus olhos vidrados brilham e iluminam como os placares dilatados. Gols no atacado. Despreza-se o varejo.
Ele não larga a tal revista, que carrega como um amuleto, como se aquela prova viva, física, se tornasse um monumento.
Seria inútil esconder a vantagem, mas lamenta o fato de não podermos compartilhar semelhante iguaria.
No carnaval de sua euforia, não sabia a quem cobrir com um abraço.
Como cativar a torcida cujo alpiste é o fracasso?
Se há uma imagem que não é a preferida, é aquela que assiste, muda, na outra margem, à vitória alheia sem poder reverenciá-la com o aplauso.
Então, onde ficamos todos nós, que não somos nascidos no berço alviverde?
Numa jaula, numa gaiola, ou assustados, num poleiro?
Quem está embaixo pode traçar os seus passos.
Quem vê de cima quer descer para beijar o asfalto.
Então, por que não chamar Cléber, Muller e o Rivaldo para a seleção olímpica?
O ouro olímpico poderá luzir com as cores da esmeralda. Verde e amarelo.
PS: desculpa o horário, Kfouri.

Nando Reis e Marcelo Fromer são músicos e integrantes da banda Titãs

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