São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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São Paulo muda e escapa de morrer na praia

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Os dois estavam morrendo abraçados, quando o técnico Muricy Ramalho resolveu substituir o zagueiro Bordón pelo artilheiro França, já no segundo tempo.
Até então, o São Paulo, jogando com três zagueiros e mais três volantes à frente, havia sido amplamente dominado pelo Santos, embora o time são-paulino abrisse o placar com Almir, numa rara pontada tricolor.
O empate veio na sequência, com Giovanni convertendo um pênalti bem marcado pelo juiz argentino.
Mas foi com a entrada de França que o jogo mudou de figura: Pedro Luís e Sorlei seguiram impecáveis lá atrás, Belleti cresceu na armação e o ataque ficou tão agudo que Almir fez o gol da vitória e Valdir e Serginho deram-se ao luxo de perder mais dois feitos.
Cabe, agora, ao São Paulo correr atrás do Palmeiras.
*
Uma hora esse Palmeiras vai ter de perder.
E a hora parecia ter chegado, em meio à tarde de sábado, em Mogi.
Afinal, o Mogi exercia uma marcação impecável, desde a intermediária adversária, e ainda por cima saía para o ataque com leveza e ciência, criando algumas situações constrangedoras para o super-Palmeiras desse Campeonato Paulista.
E mais: meteu o seu gol, com Rodrigo, e seguiu até quase o final do primeiro tempo sólido na defesa e insinuante nos contragolpes.
Já o Palmeiras sofria com as ausências de Cafu, pela direita, e de Sandro, no miolo da zaga.
A propósito, Luxemburgo, há tempos, me confidenciara que, se possível, jamais colocaria Cláudio ao lado de Cléber, visto que são beques lentos.
Além do mais, o meio-campo marcava frouxamente e carecia de imaginação na criação, o que isolava lá na frente Muller e Luizão.
Restou, pois, ao mais opaco dos integrantes dessa cintilante constelação de astros -lateral Júnior-, numa jogada individual de refinada elaboração pela esquerda, tirar o seu time do buraco negro em que se metera, no finzinho do primeiro tempo.
Bem, aí Luxemburgo acertou as coisas, e o Palmeiras voltou com carga total no segundo tempo.
Logo de cara, Luizão definiu o placar de 2 a 1, que se arrastou até o final do jogo, na mais apagada das exibições palestrinas do ano.
Moral da história: se jogando mal, contra o mais lépido dos times do interior, na casa deles, mesmo assim o Palmeiras sai de campo com a vitória, quem pode assegurar quando será a hora da derrota?
Ou: essa hora estará mesmo escrita nas estrelas?
*
É inaceitável essa pobre performance do milionário Milan na atual temporada do Campeonato Italiano.
Ontem, ganhou do "poverino" Napoli por escasso 1 a 0, sem ao menos criar outra chance de gol.
Isso, com um elenco composto por armadores e avantes do quilate de Weah, Savicevic, Baggio, Donadoni, Boban, Lentini, Simone, uma trupe capaz de oferecer os maiores espetáculos da terra.
Chega a dar raiva.

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