São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Simone "escapou" do massacre na Candelária

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Aos 16 anos, Simone dos Santos tem lembranças tristes: passagens pela extinta Funaben (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), chacinas, fome e abandono.
Levada para a instituição aos 8 anos, pela própria mãe, Simone não esquece a sensação ruim de ser abandonada. Se alguém pergunta pela mãe, ela acaba chorando.
"Só queria encontrar com ela. Ela tem vida virada. Mas não faz mal", diz. "Só sei que era mulata e tinha cabelo de 'henê', alisado."
Simone passou a vida perambulando. Em suas andanças, conheceu o grupo de oito meninos da Candelária, assassinados em 1993, durante uma chacina.
"Eu estava sempre por lá. Por pouco não morri. No dia da chacina, fui para Copacabana, à tarde."
Hoje, Simone divide algumas marquises no Rio de Janeiro, com outros quatro amigos. "O pessoal de lá é legal."
Apesar de tentar driblar problemas como a fome, violência e abandono, Simone não consegue se livrar do desprezo. "As pessoas fogem da gente como se a gente fosse bicho. Para a menina, essa é a pior parte.

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