São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Retrospectiva reúne a obra de Basquiat

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Passados oito anos de sua morte, Jean-Michel Basquiat volta à mídia. O pintor nova-iorquino de origem haitiana está em cartaz até o dia 21, com uma retrospectiva na galeria londrina Serpentine. Ele é também o tema de "Basquiat", filme do também artista plástico Julian Schnabel.
Mostra, filme, mas principalmente o espaço dedicado ao artista na mídia, representam mais uma ressurreição de Basquiat, artífice de nove anos de intensa produção artística (interrompida definitivamente em 12 de agosto de 1988, quando o artista morreu, vítima de um coquetel de heroína e cocaína).
"Primeiro, Jean-Michel Basquiat se tornou famoso por sua arte, depois ficou famoso por ser famoso, depois ficou famoso por ser infame", escreveu no catálogo da mostra o curador Richard Marshall.
A relação de Basquiat com a mídia era quase tão intensa quanto com a arte. Mais do que nunca, nos anos 80, a mídia desenvolveu papel fundamental na construção de nomes que satisfizessem as necessidades emergentes dos yuppies.
Basquiat começou sua carreira grafitando palavras, frases e símbolos nas paredes de Nova York. Assinava "Samo", até que o crítico Philip Faflick escreveu no "The Village Voice" sobre como interessante era aquele novo grafiteiro na cidade. Dias depois, Basquiat grafitava: "Samo is Dead" (Samo está morto).
"Jean-Michel viu Samo como um veículo. O grafite era uma publicidade para ele mesmo", disse Al Diaz, uma antiga namorada.
Influências
Os anos seguintes são infestados por filmes de Hitchcock, quadrinhos, telas de Warhol e heróis.
Assim como Warhol, Basquiat fazia uso constante de ícones da cultura e do consumo americano, mas dava preferência para aqueles com um subtexto político.
Em 1981, participa de sua primeira coletiva em Nova York. No ano seguinte, em março, está na mostra "Transvanguardia: Italia/America", que o curador Achille Bonito Oliva realiza em Modena.
Uma análise das palavras que explodem nas telas de Basquiat revelam suas influências e principais preocupações. "Missionaries", Buffalo Bill Cody, Papa Doc e Idi Amin são símbolos da opressão e do genocídio. "Ghetto", "Hollywood Africans" e Harlem referem-se ao racismo. Hank Aaron, Jesse Owens e Sugar Ray Robinson são seus heróis negros.
Apropriação de símbolos das mais diversas culturas (astecas, africanos, gregos, egípcios, etc) e obras de artistas como Leonardo da Vinci e Matisse também são constantes na obra do artista.
Warhol e amigos
Basquiat conheceu Andy Warhol em um restaurante de SoHo, quando o papa da pop art comprou um de seus cartões postais pintados a mão.
A relação se intensificou. Em agosto de 1983, Basquiat transfere-se para um novo estúdio, alugado de Warhol. A partir de novembro do mesmo ano, chegam a pintar juntos alguns trabalhos.
Também tinham acesso ao círculo de Basquiat o fotógrafo Robert Mapplethorpe e Madonna.
Julian Schnabel, um desses amigos, dirige agora "Basquiat", sobre a vida do artista. David Bowie está confirmado no papel de Andy Warhol. Schnabel fará ele mesmo. Desconhece-se quem será Basquiat.

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