São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Balcão de negócios

VALDO CRUZ

Brasília - Ao comandar o debate da reeleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso pode levar o país a assistir ao maior balcão de negócios da política brasileira.
Essa é a opinião do petista José Genoino. Como as críticas vêm de um oposicionista, pode até parecer revanchismo. Não é o caso.
Genoino nunca escondeu sua admiração por FHC. Foi acusado dentro de seu partido de ser governista. Hoje se diz decepcionado com o presidente.
FHC, na opinião do deputado, se transformou numa frustração ao relegar a segundo plano a política social e socorrer as oligarquias -usineiros e banqueiros.
Os governistas, com certeza, vão dizer que o petista extrapolou. O passado recentíssimo, no entanto, depõe contra o governo e mostra que a análise de Genoino está bem próxima da verdade.
O Palácio do Planalto abriu os cofres e negociou cargos quando pressentiu a derrota na reforma da Previdência.
Agora, com o presidente se empenhando pessoalmente pela reeleição, já dá para imaginar o preço que alguns parlamentares vão cobrar pelo seu voto.
Foi assim na negociação de cinco anos de mandato para o presidente Sarney, não será diferente agora.
O caminho mais correto, no atual momento, seria o presidente se recolher, deixar de articular uma medida que lhe é favorável. Ou, no máximo, defender a reeleição apenas para os próximos governantes.
Afinal, não é justo negar ao eleitor o direito de decidir pela permanência de um governante. Mas acaba soando a casuísmo votá-la para os atuais mandatários, quando o seu principal articulador é o presidente da República.
Aprovando o princípio agora, o Congresso e a sociedade poderiam avaliar, nos dois últimos anos de governo, que FHC é um bom presidente e merece continuar no Palácio do Planalto.
As raposas da política acreditam que esse seria o melhor caminho. Só que o presidente está cercado de amadores em questões políticas.

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