São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Museu do Prado inaugura 'Estação Goya'

CELSO FIORAVANTE
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Inaugurada no final de março, a mostra "Goya 1746-1828", em cartaz até 2 de junho, é o grande acontecimento neste ano goyesco.
O Museu do Prado reuniu, às vezes em ordem cronológica, outras em ordem temática, 171 de suas principais obras.
A mostra tem catálogo bem cuidado e até página na Internet.
Traz também um grande número de "canvas", cartões pintados a partir de 1774 para servir de modelos para as tapeçarias reais. Foi o primeiro trabalho que conseguiu.
Em vez de cenas da nobreza, como era de se esperar, Goya preferiu retratar cenas e costumes do dia-a-dia, como piqueniques, caçadas e brincadeiras.
Com uma exemplar economia de recursos para a época, Goya construiu todo seu universo ideológico e humanista. Condenou as tiranias políticas retratando os horrores da guerra, refletiu sobre a velhice e a morte e constatou, desiludido, a ignorância humana.
As telas mais importantes da mostra "Goya 1746-1828" pertencem ao próprio acervo do museu.
Grande retratista, em suas telas Goya consegue passar nitidamente a simpatia ou a aversão que tinha pelo retratado. Sobre o rei Carlos 4º e sua mulher, Maria Luísa, retratados em "A Família de Carlos 4º", um crítico disse: "Parecem dois padeiros de esquina depois de ganharem na loteria".
As telas "Maja Desnuda" e "Maja Vestida" podem representar a duquesa de Alba, com quem o pintor teve um relacionamento. A ousada nudez da "maja" levou Goya aos tribunais da Inquisição.
"O 2 de Maio de 1808" é uma das mais duras cenas de batalha já pintadas. Retrata o levante dos madrilenses contra as tropas de Napoleão e o absurdo da guerra. "Os Fuzilamentos do 3 de Maio" é, literalmente, o dia seguinte.
Goya também retratou seu horror à guerra em "O Colosso", uma alegoria da própria Espanha que se levanta contra Napoleão.
Também é do acervo do Prado o terrível "Saturno Devorando um de seus Filhos". Pintado originalmente para decorar a sala de jantar de sua casa, o afresco faz parte das "pinturas negras", realizadas no fim da vida.

Goya na Internet: http://www.gti.ssr.upm.es/nprado

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