São Paulo, segunda-feira, 15 de abril de 1996
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Cegueira criou visão do mundo

CELSO FIORAVANTE
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Francisco de Goya nasceu em 30 de março de 1746 em Fuendetodos, na região de Zaragoza.
Aos 14 anos, tornou-se aprendiz de José Luzán, especialista em acrescentar roupas às figuras nuas de quadros religiosos.
Aos 18 anos, partiu para Madri. Diante das tentativas frustradas de se tornar pintor da corte, seguiu para a Itália, onde recebeu um pequeno reconhecimento em Parma.
Voltou para Madri em 1771 e, três anos depois, conseguiu seu primeiro trabalho para a tapeçaria real de Carlos 3º.
Em 1785, Goya fez seu primeiro retrato de uma figura da nobreza, a duquesa de Osuña.
A carreira de Goya sofreu uma mudança brusca em 1792, quando o pintor sofreu uma paralisia temporária que o deixou parcialmente cego e permanentemente surdo.
A doença, porém, resultou em desenvolvimento na obra do pintor, que se preocupou cada vez mais com o sofrimento e a dor.
Goya foi nomeado pintor oficial do rei em 1799.
No ano seguinte pintou "A Maja Desnuda", seu quadro mais conhecido e também mais polêmico. O pintor foi perseguido pela Inquisição espanhola, restabelecida durante o reinado de Fernando 7º, a partir de 1814.
Influências
Goya afirmava que seus únicos mestres eram Rembrandt, Velázquez e a natureza. Como os dois primeiros, era também um grande retratista.
Era ainda um excelente gravador. Em suas quatro séries de gravuras -"Caprichos", "Os Desastres da Guerra", "Tauromaquia" e "Os Provérbios"- representa, respectivamente, o lado sombrio da natureza humana, os horrores das guerras napoleônicas, as touradas e a loucura.
Em 1819, Goya realizou uma série de afrescos em sua casa nos arredores de Madri, a Quinta do Surdo. A série viria a ser conhecida como "pinturas negras" por sua dramaticidade, quase ausência de cor, pelos corpos disformes e rostos sinistros ali retratados. Em 1824, Goya se transferiu para Bordeaux, na França.
"Chegou Goya. Surdo, velho, torpe, fraco e sem saber uma palavra de francês e tão contente e tão desejoso de ver o mundo", escreveu seu amigo Moratín.
E foi ali que o pintor morreu, em 16 de abril de 1828.
(CF)

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