São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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Sobre o movimento neopentecostal

MAURO CESAR MELO SILVA

Em artigo publicado nesta seção (21/03/96) o teólogo Luis de Castro Campos Jr., escrevendo sobre o "neopentecostalismo", asseverou que esse movimento, utilizando-se de um marketing religioso de contornos empresariais, continuará crescendo, captando uma "clientela significativa" na medida em que propagandeia curas, resolução de problemas e a teologia da prosperidade.
Como participante de uma igreja que poderia ser conceituada de neopentecostal, permito-me discordar dessa visão.
Inicialmente assevero que não foram os homens e nem as igrejas (que não são seitas) que "resolveram" propagar um Evangelho que nos promete solução de problemas, inclusive financeiros, mas isto emana da própria Palavra de Deus, que sempre foi e é atual:
"Amado, acima de tudo faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera tua alma" (3º, João 2); "O Senhor, que ama a prosperidade do teu servo" (Salmo 35:27); "(Deus) abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos" (Timóteo 6:17).
O cristianismo jamais pregou a pobreza, ao contrário, o Evangelho sempre se pautou pela abundância, prosperidade, obediência às leis, pagamento de impostos e honestidade nos negócios.
Jesus sempre tratou dos problemas do homem de frente, curando enfermos, pregando prosperidade e restaurando famílias. O que é atacado na Bíblia é o apego ao dinheiro que leva à corrupção, que tanto assola o tempo presente.
O livro de Malaquias diz: "Trazei os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas dos céus e não derramar sobre vós bençãos sem medida".
Por que se aceita tão fácil o mandamento de amar ao próximo como a nós mesmos e quando se fala de dinheiro há tanta resistência? É esse ato de dar que proporciona prosperidade. Isso funciona.
Como profissional liberal que possui certo discernimento, afirmo que não sou fruto de nenhum marketing mental. É certo que existem os que deturpam essa Verdade e se locupletam às custas da boa-fé alheia, mas em que segmento da sociedade não há os bons e os maus elementos? De forma alguma isso pode implicar em anulação das promessas contidas na Palavra de Deus. Esse Evangelho, atual, que nada tem a ver com a umbanda e kardecismo, permite uma contextualização moderna, usando dos meios de comunicação para atingir a muitos, libertando-os de suas mazelas, propagando tais Verdades num mundo tão egoísta. Que cresça cada vez mais.

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