São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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Venezuela faz máxi e aumenta as tarifas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo da Venezuela iria anunciar ontem à noite o fim do controle cambial -o que deve causar maxidesvalorização do bolívar-, o aumento médio de 35% das tarifas públicas, além de forte aumento dos juros, dos combustíveis e de alguns impostos.
Essas são, segundo analistas e fontes do governos, as principais medidas que seriam anunciadas pelo presidente Rafael Caldera.
O pacote, que seria anunciado às 21h00, após o fechamento desta edição, faz parte de um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que em troca promete apoio financeiro ao país.
Com a extinção do controle cambial, o dólar deve passar de 290,00 bolívares para cerca de 474,00 bolívares (cotação atual do bônus Brady venezuelano), o que representa uma desvalorização de 38%.
Quando Caldera assumiu, em fevereiro de 94, o dólar era cotado a 110 bolívares.
As tarifas públicas terão aumento médio de 35% (40% para energia, 35% para água e 30% para outros serviços).
Gasolina
Com o pacote, a gasolina deve subir cerca de 500%. Hoje a produção e a distribuição do insumo são subsidiadas em cerca de 80% pelo governo. O litro de gasolina custa US$ 0,03. Com o aumento, passaria a US$ 0,18.
Desde sexta-feira, observam-se longas filas quilométricas nos postos de gasolina de Caracas, pois os consumidores tentam estocar o combustível antes do aumento.
Nos supermercados também registra-se movimento surpreendente desde a semana passada, dado o temor de uma alta repentina nos preços dos alimentos após a anúncio do pacote.
Maior taxa
A Venezuela é hoje o país com maior taxa de inflação da América do Sul. Em fevereiro, a taxa dos últimos 12 meses era de 73,2%.
As medidas econômicas tiveram ontem diferente aceitação nos diversos setores da sociedade.
A Bolsa de Caracas fechou com alta de 2,4%, alcançando 3.811 pontos, a maior cotação dos últimos 12 meses, e mostrando que os investidores estão otimistas em relação ao plano.
Mas os 180 mil professores públicos do país decidiram manter a greve que já dura cinco semanas.
Ontem 3.000 professores protestaram em frente ao Palácio de Miraflores (sede do governo), reivindicando um reajuste salarial que não estava previsto no pacote.
Relações com o FMI
Algumas medidas anunciadas em 92, no segundo mandato do presidente Andrés Pérez, eram muito semelhantes às atuais.

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