São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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Reconsideração; Racional e irracional; Ofensa aos jornalistas; Saúde em crise; Multa por corrupção; Salvador de economias alheias; Resultados de jogos; Saudades do Carandiru

Reconsideração
"Quando a prefeitura resolveu retirar os ambulantes do centro da cidade senti-me aliviado: bastante espaço, possibilidade de caminhar com mais segurança e também 'curtir' a arquitetura dos prédios.
Por outro lado, invadiu-me um sentimento de comiseração, porquanto vi quão grave é a questão do desemprego e como aquelas pessoas dependem do lavor que realizam nas ruas.
Apesar de ter gostado muitíssimo da 'liberdade' ocasionada pela saída dos ambulantes cheguei à conclusão de que somente o egoísmo poderia levar-me a desejar ver a cidade tão mais ancha à custa do sofrimento e das angústias daqueles trabalhadores que não têm como ganhar o pão cotidiano. Que voltem os camelôs!"
Edson Luiz Sampel (São Paulo, SP)

Racional e irracional
"Na mesma semana em que vimos pela televisão um bispo obedecendo uma idiota burocracia canônica de proibir o casamento de um paraplégico, assistimos à mais bela demonstração maternal quando uma gata foi por cinco vezes dentro de um edifício em chamas para salvar seus filhotinhos.
Por esses dois fatos pode alguém identificar o racional para mim?"
Clévio Ferreira Santos (Belo Horizonte, MG)

Ofensa aos jornalistas
"A carta da leitora Maria Eunice de Souza Barbosa (Folha, 15/4) é antes de tudo mais ofensiva aos jornalistas em geral do que a mim.
Ao dizer que a 'imprensa inteira come em minhas mãos' a missivista insinua, sem a coragem de dizê-lo explicitamente, que há alguma coisa a mais entre a minha pessoa e os profissionais de imprensa além do necessário e salutar relacionamento profissional.
Quando comecei a trabalhar com o prefeito Paulo Maluf, a sua principal recomendação foi de que nenhum tipo de informação fosse jamais sonegado à imprensa em qualquer esfera da administração municipal.
Somente por causa deles, os jornalistas, é que me apresso em dar esse testemunho. E para dar ainda a informação à sra. Maria Eunice de Souza Barbosa de que o tipo de jornalista que ela parece conhecer tão bem foi extirpado da imprensa sadia há muito tempo. Felizmente.
O resto da carta publicada está cheio de clichês com informações falsas e desprezíveis, que a própria realidade dos fatos se encarregará de destruir."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Saúde em crise
"Em 1º de abril assumi a provedoria da Santa Casa de Santa Bárbara d'Oeste e, ao levantar sua situação, surpreendi-me com o que vi.
Equipamentos obsoletos e sucateados, paredes descascadas, tetos gotejando, pessoal desmotivado, estoque de medicamentos em estágio crítico. No setor administrativo: débitos vencidos e não pagos com fornecedores, num total de R$ 106 mil, além de empréstimos bancários para socorrer o capital de giro.
Perguntei o porquê desse quadro de miséria e a resposta veio rápida: descaso do governo federal, que gerencia o SUS. Além de pagar muito mal, ainda atrasa sistematicamente o pagamento. Temos um crédito de R$ 278 mil vencido, mas o governo não paga!
Acho até que o senhor presidente ignora o que de verdadeiro acontece com a saúde. Ele não suportaria ver essa situação de degradação extrema.
Algo precisa ser feito com toda urgência no sentido de reverter essa situação aflitiva."
José Benedito Claus, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santa Bárbara d'Oeste (Santa Bárbara d'Oeste, SP)

Multa por corrupção
"Passando os olhos rapidamente pela edição de 10/4, deparei-me com a notícia de que um deputado assumira a culpa por corrupção e fora, em consequência disso, preso e condenado a pagar multa de US$ 100 mil.
Por que dólares e não reais? É que a notícia vem dos EUA. Será que algum dia teremos o prazer de mandar para a cadeia alguns de nossos corruptos?
Acho que não, porque se isso ocorrer teremos de fechar Brasília e convocar imediatamente novas eleições."
Carlos Alberto Nitsche de Andrade (São Paulo, SP)

Salvador de economias alheias
"Os planos 'Cavallo' (leia-se 'Real 1') e 'Burraldo' (leia-se 'Real 2'), com o forte apelo emocional de conter a inflação nos respectivos países, nada mais são do que a maneira que americanos e europeus encontraram para salvaguardar suas economias, desviando para a América do Sul o grosso da produção industrial dos neocapitalistas do leste europeu, Rússia e tigres asiáticos, assim como o Japão, transformando Brasil e Argentina num 'mercadão consumidor', com sucateamento de suas indústrias e consequente recessão, caos, desemprego, miséria, banditismo, fisiologismos etc."
Osvaldo Matheus Caleiro (São Paulo, SP)

Resultados de jogos
"Como leio há vários anos, todas as manhãs, tanto a Folha como o 'Estado', já aprendi que para saber os resultados de esportes, não só futebol, ocorridos na noite anterior ou mesmo detalhes de competições à tarde, porém fora de São Paulo, nunca deverei tentar a Folha e sim o 'Estado'.
Por isso não aceito a resposta dada a dois leitores em 8/4: 'Em razão do ajuste das novas impressoras...'. É mais uma desculpa que se junta às antigas. A verdade é: 'Folha nunca se importou muito com esportes...'."
Paulo Prado (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha publicava os resultados dos jogos noturnos em todos os exemplares da edição São Paulo. Neste período de adaptação às novas máquinas, uma parte da edição São Paulo está temporariamente sem os resultados.

Saudades do Carandiru
"As imagens de Pareja tocando violão no telhado do presídio é o auge da glória dos criminosos.
No Brasil, além de já dominarem a sociedade, agora escarnecem da impotência das autoridades.
Que saudades dos tempos de massacre, como o do Carandiru."
Onofre Francisco Bóer (Americana, SP)

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