São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 1996
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VITÓRIA DE PIRRO

Houve um rei chamado Pirro (319 a.C.-272 a.C.), de Épiro, que se celebrizou por duas vitórias contra as legiões romanas, a primeira em Heraclea (280 a.C.) e a outra em Ausculum (279 a.C.). O problema é que muito poucos de seus homens sobreviveram para contar a história. A partir das façanhas do rei-general, cunhou-se a expressão "vitória de Pirro", ou seja, aquela cujos custos não compensam a conquista.
O cacique-mor do PMDB paulista, Orestes Quércia, venceu a batalha para indicar João Leiva como candidato do partido à eleição municipal deste ano. Os números da votação, entretanto, transformam Quércia numa espécie de Pirro. Dos 1.788 votos possíveis, Leiva venceu com uma diferença de apenas 16 sobre seu concorrente, Alberto Goldman.
Já há muito se anuncia a morte do PMDB como uma agremiação política em nível nacional. O partido é hoje dominado por lideranças regionais que, muitas vezes, mais se afastam do que se aproximam umas das outras. Tomem-se por exemplos os casos do PMDB gaúcho, de Antônio Britto, que em muito se assemelha ao PSDB, e o da ala liderada por José Sarney, cujas práticas estão muito mais próximas às do PFL.
Esse fenômeno que já ocorria em nível federal parece agora estar se repetindo no âmbito do Estado de São Paulo. Quércia, que já foi literalmente o dono do PMDB paulista, partido que remodelou à sua imagem e semelhança, agora só consegue indicar seu candidato com os votos de menos de 1% dos delegados.
É claro que, em política, é sempre temerário anunciar mortes e ressurgimentos de lideranças. Sarney, que deixou o Planalto acuado, goza hoje de excelentes taxas de popularidade. O fato inegável é que, se Quércia venceu, sua vitória em muito se assemelha àquelas conquistadas por Pirro na longínqua Grécia Helenística.

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