São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta dinheiro para reajuste, diz Bresser

PATRICIA DECIA

PATRICIA DECIA; EDIANA BALLERONI
DE NOVA YORK

Ministro da Administração afirma, nos EUA, que recursos já foram gastos com outros aumentos

O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, disse ontem em Nova York que o governo não tem recursos para aumentar os salários dos servidores públicos federais.
"Eles receberam aumento real de 28% de 94 para 95. Então acho que estão razoavelmente bem. O que existe são distorções muito grandes, principalmente nas carreiras de nível superior", afirmou.
"Esses reajustes foram uma das principais causas do enorme crescimento do déficit público que nós tivemos. Por isso eu creio que será difícil conceder um aumento para o funcionalismo público neste ano", afirmou Bresser.
Segundo o ministro, "houve uma previsão de 10% feita no ano passado, mas esse dinheiro já foi gasto com uma série de aumentos que acabaram acontecendo".
Bresser Pereira esteve em Nova York para participar de encontro na ONU (Organização das Nações Unidas) sobre administração pública e desenvolvimento, com representantes de 70 países.
Dificuldades Ele afirmou que o governo não deverá ter muitas dificuldades para realizar a reforma administrativa.
"Ao contrário do que aconteceu com a Previdência, o apoio da opinião pública à reforma administrativa é enorme. Os únicos contra são os que defendem o corporativismo e o clientelismo."
Segundo o ministro, a proposta inicial é incluir apenas parte dos critérios para as demissões por excesso de quadros e mérito na Constituição. O detalhamento das medidas ficaria dependendo de lei complementar.
Bresser disse ainda que as mudanças na Constituição não serão "radicais". "Uma parte da questão da estabilidade, por exemplo, será mantida", afirmou.
ONU Na ONU, o ministro apresentou o plano diretor do governo para a reforma na administração.
"Esses encontros são sempre a mesma coisa, com os representantes de cada país lendo um texto redigido por seus respectivos ministérios das relações exteriores falando de coisas que ninguém ouve", disse o ministro.
"Nós mostramos nossa idéia de transformar a administração pública de burocrática para gerencial, atuando em quatro setores", afirmou.
Na sua opinião, a proposta teve boa repercussão e levantou o interesse do representante dos EUA.

Colaborou Ediana Balleroni, especial para a Folha, de Miami

Texto Anterior: Protesto de servidores por aumento reúne 4.000
Próximo Texto: Servidores param nos Estados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.