São Paulo, quinta-feira, 18 de abril de 1996
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Apenas 20% dos católicos vão à igreja

LUIS HENRIQUE AMARAL

LUIS HENRIQUE AMARAL; SAMY CHARANEK
ENVIADO ESPECIAL A INDAIATUBA (SP)

Igreja adotará estratégias semelhantes às dos evangélicos para ampliar o número dos fiéis

SAMY CHARANEK
Estudo apresentado na abertura da 34ª Assembléia da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) indica que apenas 20% das pessoas que se dizem católicas frequentam a igreja e participam de suas atividades.
A assembléia foi aberta ontem em Itaici, distrito de Indaiatuba (110 km a noroeste de São Paulo). Segundo o vice-presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, 64, a pesquisa foi feita pela própria entidade em cidades de todos os portes espalhadas pelo país.
"Os católicos no Brasil são 85% da população. Desse total, apenas 20% realmente participam", disse Chemello, ao se referir a um dos principais objetivos da campanha de evangelização da CNBB: trazer de volta fiéis que deixaram a igreja.
As igrejas pentecostais são apontadas como responsáveis por parte da perda dos fiéis.
'Seitas'
O documento da CNBB afirma que as igrejas pentecostais podem ser divididas em dois grupos. O mais antigo, como a Assembléia de Deus ou a Congregação Cristã, se desenvolveria nas periferias das cidades, onde "as estruturas comunitárias se enfraquecem e a ação do clero é menos intensa".
O segundo grupo, que o documento chama de "seitas", seria formado por aquelas que "prometem curas e felicidade imediata, em troca principalmente de contribuições em dinheiro". A CNBB não exemplificou que igreja representaria esse grupo.
Estratégia
Segundo d. Jayme Chemello, a igreja adotará estratégias semelhantes às dos evangélicos para ampliar o número de seguidores.
"Eles (evangélicos) até nos ensinam algumas coisas. A visita às famílias é importante. A igreja já fazia, mas agora vai ampliar."
Segundo d. Jayme, além de intensificar as visitas às casas dos fiéis, a igreja pretende apoiar mais o trabalho dos carismáticos e das Comunidades Eclesiais de Base.
No caso das CEBs, segundo o bispo, devem ser traçadas novas diretrizes de atuação, priorizando a regionalização do trabalho missionário.
Para o secretário-geral da CNBB, d. Alberto Taveira Correa, 45, a retomada das visitações e a própria atuação do movimento carismático indicam a evolução dos métodos da igreja no país. "O evangelho deve ser pregado sob todos os tetos do mundo", disse.
Os evangélicos geralmente realizam visitações às residências para conversão de famílias. Também os cultos tomam forma mais dinâmica, com música, aplausos e manifestações entusiásticas.

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